JORNALISTAS E JORNALEIROS


ubens Nóbrega
Causou surpresa e dúvida ao Doutor Helder Alexandre a extraordinária sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiu na última quinta-feira (2) manter os poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar magistrados.
A surpresa: a posição do ministro Gilmar Mendes em defesa do CNJ, contra o corporativismo no Judiciário e a inércia das corregedorias. A dúvida: o sentido que Gilmar Mendes quis dar a um pretenso antagonismo entre ‘jornalistas e jornaleiros’.
“Jornaleiro é aquele que entrega o jornal em nossa casa ou é aquele que entrega o jornalismo porque o emprega em causas obscuras?”, indaga Helder, cidadão exemplar, exemplarmente inteligente, além de médico cardiologista de primeira.
Posta a questão, pede-me esclarecimento por me considerar do ramo, embora não me esclareça antes em qual ramo inclui o colunista, ou seja, se me tem na conta de jornalista ou de ‘jornaleiro’, na acepção supostamente pejorativa usada pelo ministro.
Para contextualizar o ‘jornalistas versus jornaleiros’, lembro que o ministro referiu-se às duas categorias após observar que “até as pedras sabem que as corregedorias não funcionam quando se trata de investigar os próprios pares”.
Mencionou em seguida (finamente irônico, no meu sentir) que, além das pedras, jornalistas e jornaleiros também sabem do problema. Seria prova de que a atitude das corregedorias é tão evidente que foi percebida e assimilada até no senso comum.
O que ele fez, penso, foi colocar jornalistas e jornaleiros no mesmo patamar de conhecimentos e entendimento. Talvez só para ‘zoar’ com os jornalistas. Afinal, com muitos desses Gilmar Mendes mantém respeitável contencioso político e intelectual.
No mais, Doutor Helder, resta acrescentar que naquele sentido induzido pelo senhor posso garantir que pelo menos na Paraíba de agora seria uma grande ofensa chamar alguns jornalistas de jornaleiros. Ofensa aos jornaleiros, claro.
ORAÇÃO REAL
O amigo Giuseppe Lyra criou uma nova versão para a Oração de São Francisco, adaptando-a aos novos tempos e costumes na Paraíba. Vejam como ficou, sob o título ‘Oração de certo reinado’:
Senhor, fazei-me instrumento de toda a discórdia.
Onde houver servidor, que meu governo persiga;
onde houver escola, que meu governo feche-a;
onde houver avanço, que meu governo retroceda;
onde houver doente, que meu governo não veja;
onde houver violência, que meu governo ignore;
onde houver hospital, que meu governo privatize-o;
onde houver clamor, que meu governo não ouça;
onde houver lei, que meu governo descumpra.
Ó, Mestre, fazei com que eu procure mais
não compensar, mas ser recompensado;
não compreender, por ser incompreendido,
e ser mais temido do que amado.
Pois é dando que se recebe
e é permutando que a gente se arranja
e lava a jega enquanto o reino durar.
(Ao que todos os súditos dizem “Amém!”)
No final, Giuseppe observa que qualquer coincidência com pessoas vivas, muito vivas ou mortas e insepultas é mera semelhança.
Nem se preocupe...
É possível que alguns de vocês já tenham recebido essa que reproduzo adiante. Mas a maioria, aposto que não. Daí, tomo a liberdade de repassar o precioso conselho que vem da inesgotável sabedoria oriental e caiu na minha caixa postal graças à generosidade do Doutor Daltêir Sobrinho, valioso quadro da Engenharia da Chesf.
***
Há apenas duas coisas com o que você deve se preocupar: se você está bem ou se você está doente. Se você está bem, não há nada com que se preocupar. Se você está doente há duas coisas com que se preocupar: se você vai se curar ou se vai morrer. Se você vai se curar, não há com que se preocupar. Se você vai morrer, há duas coisas com que se preocupar: se você vai para o céu ou para o inferno. Se for para o céu, não há com que se preocupar. Agora, se você for para o inferno, estará tão ocupado em cumprimentar velhos amigos que nem terá tempo de se preocupar. Então, para que se preocupar?
Caro e engorda
No início da semana, o Uol (Universo online) publicou levantamento que mostra a Paraíba na liderança da carestia dos comes e bebes nas praias nordestinas.
Em cinco dos itens mais importantes da pesquisa (refeições, lanches, petiscos, cerveja e refrigerantes, se não me engano) somos os mais caros em três.
Essa é mais uma fama sem proveito que a gente leva, quando poderíamos nos diferenciar justamente na qualidade e nos preços dos serviços e produtos para o turismo.

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