Sem planejamento urbano, Caaporã acumula índices negativos do IBGE

A comunidade do Mutirão é outra vitima da falta de planejamento e manutenção. Diversas ruas da comunidade sofre com a escuridão constante e a falta de manutenção na iluminação pública.

A Cidade de Caaporã, litoral sul Paraibano, abriga cerca de 20 mil habitantes, é a segunda maior economia da região, porém nenhuma de suas ruas dispõe de urbanismo adequado a população. Isso é o que revela uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que além do censo demográfico, mostra a as condições da cidade no tocante ao urbanismo e saneamento básico.
O Urbanismo é o bom planejamento da execução das obras. A rua perfeita seria aquela que dispunha de calçadas amplas, ruas pavimentadas ou asfaltadas, meio fio, iluminação regular, rampas para deficientes e esgotamento de águas pluviais e esgoto. A pavimentação das vias públicas é responsabilidade dos municípios. Cabe às prefeituras colocar o asfaltamento, instalar a drenagem da água da chuva e sinalizar as ruas.

Bairros sem pavimentação, iluminação, água e esgoto

Bairro das Mangabeira, Caaporã. Foto: Google
O Conjunto das Mangabeiras é onde fica uma das situações mais criticas da cidade. Nenhuma rua do bairro é pavimentada nem possui meio-fio. O bairro fica em uma área acidentada, e em tempos de chuvas a força da água abre buraco no meio da rua e fomenta a proliferação de ervas daninhas. Além da péssima condição das ruas, a falta de iluminação publica traz a sensação de insegurança para os moradores, que não costumam sair a noite.
A comunidade possuiu uma Unidade Básica de Saúde e uma Escola de Educação Infantil. A falta de locomoção pelas ruas, em alguns lugares não passam nem moto, os moradores reclamam do difícil acesso ao posto de saúde e se sentem privados de ir e vir. Quase todas as ruas do bairro são ladeiras, o que prejudica ainda mais a locomoção. Estima-se que das quase 30 ruas do bairro, pouco menos de 40% seja transitável.
Rua Maria José, Conjunto Mangabeira, Caaporã. Foto: Google
Na rua que fica ao lado da Escola Eunice Nazário, no Mangabeira, a situação é ainda mais critica, porque só passa pedestres, e nenhuma lampada da iluminação publica está funcionando. O serviço de capinação é feito pelos próprios moradores. Com tal situação, até a coleta de lixo é prejudicada. Moradores revelam que por muitas vezes tocam fogo no lixo porque não tem como fazer o devido descarte.
Nos últimos meses a Prefeitura Municipal de Caaporã realizou algumas intervenções emergenciais no local. Porém não deu vencimento as fortes chuvas. A população cobra uma ação que solucione os problemas da comunidade no tocando a pavimentação, iluminação e esgoto, que atualmente corre a céu aberto.

Falta de acessibilidade e calçadas

Falta Calçadas e Acessibilidade em Caaporã. Foto: Google
Outro problema gritante é a falta de acessibilidade, tanto em alguns prédios públicos como nas calçadas. Na rua Salomão Veloso, centro da cidade, não existem rampas para acesso de pessoas com deficiência física, muito menos as calçadas teriam condições de receber pessoas em cadeiras de rodas. Populares afirmam que já é difícil trafegar pelas calçadas, com altos relevos e muitas ocupações irregulares de comerciantes e até veículos.
O bairro das Cinco Bocas, zona de entrada de Caaporã, é outro exemplo da situação critica da cidade. nenhuma rua do bairro possui calçadas, algumas construções foram feitas no limite dos terrenos, sem nenhuma fiscalização por parte do setor publico. Problema que vem se arrastando a anos e parece persistir.
O novo prédio da Prefeitura de Caaporã já conta com rampa de acessibilidade para cadeirantes. A rampa é adequada e foi feita na medida para garantir a locomoção dos deficientes; o que falta é uma rampa que ligue a rua a calçada. Mesmo com a rampa, as pessoas portadores de deficiências se limitariam a entrar no prédio, pois a construção não tem corredores e portas amplas, além da falta de banheiros.

Sem sinalização e iluminação

Falta de iluminação pública nas ruas. Foto: reprodução
Caaporã tem um grande público de alunos, uma das maiores taxas de adesão ao ensino (IBGE), são 22 unidades de ensino fundamental e médio, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Porém nenhuma dessas escolas tem sinalização, lombadas ou faixa de pedestres para controlar o fluxo dos alunos e a velocidade dos carros.
A comunidade do Mutirão é outra vitima da falta de planejamento e manutenção. Diversas ruas da comunidade sofre com a escuridão constante e a falta de manutenção na iluminação pública. Sem iluminação, a sensação de insegurança é ainda maior. Muitos moradores relatam sentir medo de sair a noite, inclusive para realização de atividades básicas como ir a escola ou a uma igreja.
A Secretária de Infraestrutura de Caaporã tem tentado solucionar o problema da falta de iluminação. Recentemente um cruzamento na Rua das Rosas no Conjunto das Mangabeiras recebeu iluminação nova, melhorando a sensação de segurança dos moradores. Porém após esse reparo, varias lampadas da Rua Maria José, no mesmo bairro, queimaram e ainda não foram substituídas.

A prefeitura gasta com investimentos e planejamento

Apesar da aparente falta de planejamento, a Prefeitura de Caaporã gastou só nestes primeiros quatro meses de 2018, o montante de R$ 1.782.818,39 em urbanismo. Esse valor serviu para pagar obras, alugueis, pessoal, reformas, iluminação e outros.  Também é possível ver no SAGRES despesas de mais de R$ 35 mil em serviços de Meio Ambiente e Urbanismo. Apesar dos aparentes investimentos, a falta de planejamento mantém o índice da Cidade em níveis inaceitáveis.
Prefeitura de Caaporã gastou R$ 35 mil em meio ambiente nos primeiros quatro meses do ano de 2018. Foto: reprodução

Ninguém assume a culpa

O problema da falta de planejamento e do crescimento desordenado da Cidade de Caaporã é antigo. O ex-prefeito João Batista Soares (MDB) iniciou uma obra de reurbanização no centro da cidade. O canteiro central, as árvores e pontos de comércio foram removidos, começou uma instalação de bueiros e esgotamento na via principal, porém a obra só trouxe transtornos e prejuízos aos cofres públicos. A ora que está até hoje parada, não trouxe nenhum benéfico para cidade.
Obras de pavimentação na Rua Salomão Veloso, Caaporã – PB. Foto: Portal do Litoral
O atual prefeito, Kiko Monteiro (PDT) também tentou resolver o problema; licitando uma empresa para fazer a implantação de pavimentação asfáltica na cidade, porém o esgotamento sanitário não foi concluído e a obra de pavimentação asfáltica está inacabada. Em uma breve consulta ao SAGRES, não é possível ver nenhuma nota de empenho para empresa Fênix, ganhadora da licitação e anunciada como responsável pela obra.
Além dos índices negativos, Caaporã tem um saldo positivo quanto a arborização e vias públicas. Segundo o censo do IBGE, 50,3% das vias urbanas são arborizadas, e cerca de 16,7% das residências tem esgotamento sanitário adequado.

Redação – Litoral.News


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