Presidente da Venezuela Hugo Chávez morre aos 58 anos


Após 14 anos no poder e quatro eleições vencidas, o presidente da Venezuela foi derrotado por um câncer. Sua morte deixa um vácuo de poder no país

REDAÇÃO ÉPOCA
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DESPEDIDA Chávez manda beijos antes de embarcar para Cuba, na semana passada. O câncer voltou (Foto: Reuters)
Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morreu nesta terça-feira (5), aos 58 anos, no em Caracas. O anúncio foi feito pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, em cadeia nacional. Segundo a Constituição, a morte de Chávez obriga a Venezuela a realizar novas eleições presidenciais num prazo de 30 dias.

Chávez lutava contra um câncer na região pélvica desde junho de 2011. No mesmo mês, foi operado pela primeira vez em Cuba. Em fevereiro de 2012, anunciou a reincidência da doença. Passou por uma nova cirurgia e foi submetido a radioterapia em Havana, onde ficou até abril. Em julho, disse que estava totalmente curado. Mas a doença retornou e, em dezembro do ano passado, Chávez viajou para Havana pela terceira vez. Voltou a Caracas em 18 de fevereiro, segundo uma mensagem em sua conta de Twitter. No entanto, seu estado de saúde já era terminal.  
Em outubro, Chávez fora eleito pela quarta vez presidente da República, cargo que ocupava desde 1999. A cerimônia de posse estava marcada para o dia 10. Os últimos dias de tratamento em Cuba provocaram um cenário de incerteza na Venezuela sobre o futuro político do país.

Hugo Rafael Chávez Frías nasceu dia 28 de julho de 1954 em Sabaneta, no Estado de Barinas. Segundo de sete filhos de um casal de professores, Hugo foi mandado para viver na casa da avó, Rosa Inéz Chávez, junto com seu irmão Adán. Os três se mudaram para a cidade de Barinas, capital do Estado, para que os dois irmãos pudessem frequentar a única instituição de ensino médio da região.

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Aos 17 anos, ingressou na Academia Militar, onde se graduou em 1975 com o oitavo melhor desempenho de sua turma, composta por 75 estudantes. Foi enviado ao Estado de Anzoátegui para combater o grupo marxista Partido Bandera Roja. Nessa época, começou a questionar os métodos usados pelo exército venezuelano. Em 1977, fundou um movimento revolucionário secreto dentro das Forças Armadas, o Exército de Libertação do Povo Venezuelano. Cinco anos depois, criou outro grupo secreto, o Exército Revolucionário Bolivariano 200, mais tarde renomeado Movimento Revolucionário Bolivariano 200.

Chávez participou de um golpe de Estado em 1992, quando era tenente-coronel do Exército, ao lado de outros três militares. A tentativa de golpe contra o então presidente Carlos Andrés Pérez, conhecida como Operação Zamora, foi um fracasso. Chávez ficou preso até 1994. Foi libertado pelo presidente Rafael Caldera, eleito em 1993. Saiu do cárcere sob a condição de não voltar às Forças Armadas. Chávez partiu em uma viagem de 100 dias pela Venezuela para divulgar sua causa bolivariana, que prega, entre outras coisas, a educação pública gratuita e o repúdio à intromissão de nações estrangeiras. Na época, ele se separara da primeira mulher, Nancy Colmenares, e conheceu Marisabel Rodríguez, sua segunda mulher, durante as viagens.
Em suas viagens pela América do Sul, passou por Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia e Cuba, onde conheceu Fidel Castro, de quem se tornou amigo. Ao voltar para a Venezuela, ganhou o apoio de veículos de imprensa pequenos. Conquistou um grande números de apoiadores ao se manifestar contra o então presidente Caldera, cuja política neoliberal causou inflação. Fundou seu próprio partido político, o Movimento Quinta República (MRV), e se lançou como candidato à Presidência nas eleições de 1998. Com o apoio de um dos dois maiores partidos da Venezuela na época, o Copei, e mantendo uma imagem carismática de líder populista, Chávez conseguiu 3,673 milhões de votos (56,2% do total) e venceu o candidato Henrique Salas Romer, que obteve 2,613 milhões de votos.
Depois de adotar políticas econômicas conservadoras e capitalistas e de lançar um programa social para diminuir a pobreza da Venezuela, Chávez convocou um referendo para que a população venezuelana decidisse se uma assembleia constitucional, formada por representantes de todo o país, iria se reunir para reescrever a Constituição. Com 88% de aprovação do povo da Venezuela, a comissão foi formada e uma nova Constituição foi escrita. Um novo referendo foi convocado e a Carta foi aprovada por 72% dos votantes. Cerca de metade da população venezuelana preferiu não participar do referendo.

Reeleição
Depois da aprovação da nova Constituição, uma nova eleição presidencial foi convocada. Em 2000, Chávez venceu seu antigo amigo, Francisco Arias Cárdenas, que participou do golpe de Estado de 1992, com 59,8% dos votos. Em seu segundo mandado, Chávez fortaleceu os laços diplomáticos entre Venezuela e Cuba ao assinar um acordo que garantia o envio de 53 mil barris de petróleo ao governo de Fidel Castro. Em troca, 20 mil médicos e professores cubanos seriam mandados para a Venezuela. Ao longo da década, o envio de barris de petróleo aumentou para 90 mil, em troca de 40 mil professores e médicos cubanos.

Em abril de 2002, houve um grande - e violento - comício em Caracas contra o governo bolivariano, que terminou com 20 mortos e mais de 100 feridos. Aproveitando a confusão, um grupo de militares lançou um golpe contra Chávez. O presidente concordou em deixar o gabinete, mas não renunciou ao cargo. O empresário Pedro Carmona nomeou a si mesmo presidente interino da Venezuela e aboliu a nova Constituição. A falta de apoio a Carmona fez com que Chávez voltasse ao poder no dia 14 de abril.

Em 2006, foram convocadas novas eleições presidenciais. Pela terceira vez, Chávez ganhou de seu principal adversário, Manuel Rosales. Mais de 72% dos venezuelanos foram às urnas e Hugo Chávez foi reeleito com 63% dos votos. Durante seu terceiro mandato, afirmou que todos os pequenos partidos de esquerda que o apoiaram durante seu governo seriam unificados, no novo Partido Socialista Unido da Venezuela. Em 2009, Chávez aprovou um referendo que permite a um candidato se reeleger indefinidamente.
Nas eleições presidenciais de 2012, enfrentou e venceu o candidato Henrique Capriles com 55% dos votos. Seu mandato deveria começar no dia 10.
Hugo Chávez deixa quatro filhos: Rosa Virginia, de 34 anos; María Gabriela, de 32 anos; e Hugo Rafael, de 29 anos, de seu primeiro casamento, com Nancy Colmenares, e Rosinés, de 15 anos, de seu segundo casamento, com Marisabel Rodríguez.

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