Em Goiana o silêncio e o despreparo do candidato da oposição

A candidatura de Marcílio Regio à Prefeitura de Goiana é um mistério que se desfaz a cada aparição pública – ou melhor, a cada fuga dela. No teatro político, onde a exposição é regra, Marcílio escolheu o papel de figurante. Não fala, não debate, não se compromete. Sua presença na disputa parece mais fruto de uma estratégia equivocada do que de um desejo genuíno de governar. 

Quando finalmente se aventurou em uma entrevista na Rádio Folha, entregou um espetáculo de despreparo. Não conseguiu articular propostas, não soube explicar seu plano de governo e saiu menor do que entrou. A essa altura, seu silêncio já não é cautela, mas sim um indicativo de que não há muito o que dizer. A relação do candidato com a imprensa é um reflexo de sua fragilidade política. Cancelou a participação no programa Diálogo, da TV Nova Nordeste, evitando ser confrontado com perguntas diretas. Se diante de jornalistas experientes ele recua, como enfrentaria os problemas reais de Goiana? 

Um político que foge de entrevistas não busca transparência, mas sim esconder suas próprias limitações. Seu padrinho, o ex-prefeito Eduardo Honório, insiste na velha fórmula do candidato que serve apenas para manter grupos no poder. Mas Goiana já cansou de ser laboratório de políticos sem identidade, que entram mudos e saem calados. 

A cidade precisa de liderança, não de um nome lançado às pressas sem sequer uma narrativa convincente. A condução da campanha por René Bensoussan também não ajuda. Em vez de preparar Marcílio para o embate, opta por escondê-lo, como se a ausência fosse uma virtude. 

O candidato não precisa de isolamento, mas de um urgente mídia training – ou, quem sabe, de um choque de realidade. Política não é para os que temem o contraditório. E quem não suporta pressão de microfone dificilmente suportará a pressão de governar.