Jovem teve "noite de bebedeira" após estuprar e matar menina na Rocinha, diz polícia

"Ele diz que está arrependido, mas esse não é o primeiro crime dessa natureza", diz delegado.

O homem de 22 anos que confessou ter estuprado e assassinado a menina Rebeca dos Santos, 9, no último sábado (28), na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, teve uma "noite de bebedeira" após cometer os crimes, segundo o delegado-assistente da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, Henrique Damasceno.
O criminoso, identificado como Elder Marinho, 22, foi apresentado na manhã desta sexta-feira (4) na sede da DH, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, e disse estar arrependido. "Queria que a família me perdoasse", afirmou ele, após responder de forma desconexa a uma série de perguntas feitas por jornalistas.
Damasceno explicou que o suspeito, natural do Ceará, morava na Rocinha desde fevereiro deste ano e trabalhava em um condomínio no bairro de São Conrado, na zona sul. Marinho estava na festa infantil onde Rebeca foi vista pela última vez, na qual se comemorava o aniversário de outra criança. Os crimes ocorreram no momento em que ele deixou o local para continuar consumindo cerveja em outro bar da comunidade.
"Ele estava nesse churrasco, já consumindo bebida alcoólica. Num determinado momento, ele desceu para outro bar e passou pelo beco onde a menina estava brincando. Foi ali que ele a abordou e a levou para a mata, onde os crimes foram cometidos", afirmou o delegado.
Em depoimento, de acordo com Damasceno, Marinho afirmou que os crimes não foram premeditados. "Na versão dele, foi um 'ato de momento'. Ele diz que está arrependido, mas esse não é o primeiro crime dessa natureza", declarou Damasceno, que aguarda informações da Polícia Civil do Ceará para incluir no inquérito outro crime de estupro seguido de morte que teria sido cometido pelo jovem.
Marinho contou ainda que, ao abordar Rebeca, deixou o seu aparelho celular cair no chão do beco. Após estuprar e estrangular a menina, o criminoso se dirigiu a um bar da comunidade, onde passou a madrugada bebendo. No dia seguinte, ele retornou ao local para pegar o telefone móvel.
"Ele sequer se recorda do horário que terminou a sua noite de bebedeira naquele dia. (...) A confissão dele mostra que ele é uma pessoa extremamente fria. Isso foi cabalmente demonstrado durante a investigação", disse Damasceno.
Tentativa de fuga
O delegado afirmou também que o criminoso planejava retornar ao Ceará para escapar de uma eventual prisão. Ele havia pedido demissão dois dias após cometer os crimes e estava com passagem de ônibus comprada para esta sexta, às 10h.
A prisão do criminoso ocorreu na quinta-feira (3). Ele foi localizado na favela de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade, onde se refugiou após cometer os crimes. No momento em que foi abordado pelos agentes da DH, Marinho estava com o celular da vítima.
"Fizemos uma busca constante em várias comunidades, incluindo os arredores da Rocinha. Também estivemos na Rodoviária Novo Rio, pois havia uma informação de que ele pretendia fugir para o Ceará. (...) A coleta de informações e o trabalho de campo foram fundamentais para o desfecho da investigação", declarou Damasceno.
Além de estar com o telefone móvel de Rebeca, Marinho vestia as mesmas roupas utilizadas por ele --casaco e bermuda-- na noite de sábado. "Isso eliminou qualquer dúvida no momento da prisão", disse o delegado.
Marinho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado --por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima-- e estupro de vulnerável. Se condenado, pode ser punido com até 45 anos de prisão, informou a Polícia Civil.
Caso Amarildo
O assassinato de Rebeca veio à tona na mesma semana em que dez policiais militares foram indiciados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver no caso que investiga o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, 43, após ser levado por PMs da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha.
O ajudante de pedreiro sumiu no dia 14 de julho, depois de ser levado por PMs para a sede da UPP na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que Amarildo foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem o pedreiro saindo da UPP, pois as câmeras de vigilância que poderiam registrar a saída dele não estavam funcionando.
Folha Online

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