Inflação desacelera a partir de abril, prevê Tombini 
[Foto: presidente do Banco Central, Alexandre Tombini]
A partir do segundo trimestre, que começa em abril, a inflação mensal tende a se deslocar para níveis compatíveis com o centro da meta, que é 4,5% ao ano, contra os atuais 6,01% (o acumulado de 12 meses do Índice de Preços ao Consumidor fechado em fevereiro). A previsão foi feita nesta terça-feira (22) pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que falou na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sobre fundamentos e forma de execução da política monetária.
Tombini advertiu, no entanto, que a inflação acumulada em 12 meses tenderá a permanecer em patamares mais elevados até o terceiro trimestre deste ano. O primeiro motivo para essa tendência é um efeito estatístico: mesmo que os índices de junho a agosto de 2011 fiquem dentro do centro da meta (4,5% ao ano), vão substituir percentuais "atipicamente baixos" observados nesses mesmos meses do ano passado - quando a inflação ficou ao redor de zero.
Outro motivo, conforme o presidente do BC, é que a inflação em março e nos próximos meses ainda estará sendo "negativamente impactada pela inércia" da disparada de preços no último trimestre de 2010, que elevou o acumulado no ano a 5,91%.
Commodities
Tombini atribuiu à "trajetória ascendente" dos preços internacionais das commoditiesagrícolas parte da escalada da inflação. Os preços dessas commodities, segundo ele, sofreram alguns impactos, como secas e enchentes em importantes produtores e exportadores mundiais, aumento de demanda nas economias emergentes e ampliação da liquidez financeira internacional, entre outros.
Embora considere "pouco provável" um cenário de redução drástica na produção de petróleo, seguido de forte aumento de preço do produto, o presidente do Banco Central apontou a crise nos países do Norte da África e do Oriente Médio como fator que alimenta as incertezas da economia global.
- O fato é que o preço internacional do petróleo subiu consideravelmente desde os primeiros movimentos sociais e políticos nessas regiões. E o atual impacto desses movimentos pode ainda estar sujeito a mais surpresas, caso grandes produtores não consigam nivelar a oferta global, dada as conseqüências que isto poderia ter sobre os níveis de inflação e o crescimento econômico mundial - afirmou.
Japão
O terremoto seguido de tsunami, no Japão, completa o quadro de incertezas, na avaliação do presidente do Banco Central. No curto prazo, ele previu uma interrupção momentânea de importantes cadeias de produção, podendo impactar a economia de vários países, em especial do sudeste asiático. Do lado financeiro, alertou para a possibilidade de repatriação de ativos japoneses para ajudar o financiamento da recuperação, com impactos, nesse caso, sobre a evolução das taxas de câmbio.
No médio e longo prazos, Tombini previu um esforço de reconstrução e, talvez, mudança da matriz energética local e global. E isso, provavelmente, resultará em novos impactos sobre os preços das commodities, principalmente das minerais e do petróleo.
- A catástrofe no Japão, com seus desdobramentos de curto, médio e longo prazos, amplia as incertezas sobre a recuperação da economia global e a evolução dos preços de importantes ativos, sejam eles commodities ou mesmo taxas de câmbio - avaliou.
Efeitos
Tombini disse que o desafio adicional que se coloca ao Banco Central é analisar os efeitos, no cenário doméstico, desses choques potentes sobre a frágil recuperação da economia internacional. O BC, conforme disse, conduz a política monetária com foco em sua meta, em um cenário de extrema complexidade.
No contexto interno, acrescentou, a resposta adequada é "moderação da atividade", a fim de que a trajetória de crescimento sustentável seja mantida e os ganhos da estabilidade econômica não sejam desperdiçados.
Tombini disse que o BC identificou outros fatores, além das incertezas internacionais, que pressionaram a inflação no início de 2011. Citou os preços administrados, como tarifas de transportes públicos; preços de alimentos in natura, em decorrências das chuvas excessivas; e preços de serviços, como resultado da ampliação da demanda.
Foi nesse contexto, para evitar a contaminação da economia por "pressões pontuais", que ele defendeu a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros em um ponto percentual nas suas duas últimas reuniões. O objetivo, garantiu, foi conduzir a inflação para o centro da meta, de 4,5% ao ano.
Djalba Lima / Agência Senado

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