Stellantis vai investir R$ 13 bilhões em Pernambuco


 

Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para América do Sul / Foto: Divulgação

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Depois de anunciar o maior investimento da companhia na América do Sul, a Stellantis detalhou os planos que tem para esses recursos. Um dos pilares, segundo o presidente da montadora para a América do Sul, Emanuele Cappellano, é aumentar a liderança de mercado, com novos produtos e serviços, e o protagonismo em descarbonização. 

“Sustentabilidade é fundamental para a companhia, por isso o ciclo de investimento forte foi necessário para atingirmos isso. E isso inclui eficiência nos carros e nos processos produtivos”, disse Cappellano. “Teremos quatro novas plataformas hibridas, 40 novos modelos de 2025 a 30 e 8 motores e Goiana irá abrigar boa parte desses lançamentos inéditos para o mercado brasileiro.”

Para isso, o executivo disse que a companhia vai investir R$ 13 bilhões, dos R$ 30 bilhões garantidos para o Brasil, na unidade de Goiana (PE), para levar a fábrica aos níveis de nacionalização das outras plantas da Stellantis na região, em torno de 80%. Segundo ele, atualmente o parque de fornecedores que atende a unidade tem cerca de 38 empresas, a meta é deter 100 fabricantes de componentes no local.

“Estimular o parque é fundamental para aumentar a capacidade do polo e do Nordeste, que ainda sofre de falta de competitividade, mesmo com os incentivos fiscais que irão até 2032. Estamos construindo um pacote para incentivar os fornecedores se instalarem em nossa fábrica”, ressaltou o executivo.

A cadeia de valor deverá contar com mais de 100 fornecedores instalados em Pernambuco, desenvolvendo e produzindo componentes e soluções para a propulsão híbrida e elétrica, descarbonizando a mobilidade e gerando novos empregos na região.

Os novos investimentos na fábrica pernambucana representam quase o dobro que a companhia aplicou para o início da produção em 2015. Para abrir a unidade, a então FCA aportou R$ 7 bilhões para fabricar veículos da marca Jeep. Agora, a planta passa novamente a ter protagonismo para a Stellantis e deve abrigar boa parte das plataformas híbridas e elétricas da empresa. 

“Chegou a hora de passar da motorização tradicional para a híbrida e é fundamental criar essa transição de forma sustentável para a empresa e para o consumidor”, afirmou Cappellano. “O nosso foco é na excelência operacional para alcançar um nível de eficiência que se reflete no custo dos produtos sem perder a qualidade e o atendimento ao cliente.”

Busca constante pela redução de custos na região

Segundo ele, a plataforma híbrida no Brasil tem uma vantagem competitiva em relação às outras regiões pela matriz energética limpa que o país possui. Cappellano completou que o etanol é um dos combustíveis mais limpos dentre aqueles disponíveis. 

“E o jeito que identificamos de ser sustentável, em termos de custos e estar em linha com a descarbonização, é usar o motor híbrido flex e o etanol”, afirmou o executivo. “Temos que ter as tecnologias de descarbonização que caibam no bolso das famílias brasileiras.”

Modelo de entrada híbrido para concorrer com chineses

Cappellano afirmou que os custos adicionais em uma plataforma elétrica em relação à tradicional é em torno de US$ 10 mil, ou cerca de R$ 55 mil. “Diminuir essa diferença para mais de US$ 5 mil é muito difícil, mas estamos trabalhando para isso.”

Uma das estratégias para popularizar a tecnologia híbrida na região, segundo Cappellano, vai ser o lançamento de um modelo de volume até 2032, quando termina este ciclo de investimentos atual da companhia, para brigar com as novas montadoras chinesas que oferecem modelos elétricos por cerca de R$ 100 mil. 

“Claramente é um objetivo e a ideia é ter um modelo hibrido flex de entrada na região. E é isso sustentável dentro do nosso plano”, disse o executivo. “Temos como prioridades estratégicas a eficiência e a sustentabilidade do negócio.”

Novo Peugeot 2008 feito na Argentina

Outro modelo que chegará ao mercado é o novo Peugeot 2008, que sairá das linhas de produção da fábrica de El Palomar, na Argentina.

Para produzir o veículo em solo argentino, a Stellantis investiu US$ 320 milhões na fábrica, recursos que tiveram como origem o último ciclo de investimento da montadora na unidade. Acontece que foi necessário aportar mais US$ 270 milhões na fábrica, com recursos do atual ciclo de investimentos, para finalizar a linha que vai receber a plataforma CMP.

Segundo a Stellantis, o novo 2008 será o primeiro SUV fabricado pela companhia na Argentina, representando o nascimento de um produto que será um marco para a produção nacional, no segmento mais cobiçado e competitivo do mercado.

“Seguramos um pouco a comunicação da produção em razão do cenário político e econômico na Argentina. Além disso, esse será mais um produto desenvolvido na América Latina. Hoje, nossa divisão de pesquisa e desenvolvimento conta com quatro mil engenheiros em 60 laboratórios”, afirmou Cappellano.  

Segundo ele, a Stellantis tem capacidade para desenvolver todo o novo portfólio da companhia para a região. “Temos engenharia para até exportar as novas tecnologias. A estrutura deixa a região autônoma na criação de sistemas de segurança, proteção, novos modelos, designe. Por exemplo, a BIO- Hybrid foi desenvolvida de forma exclusiva para a América Latina”, disse o executivo.

Neste ano, de acordo com Cappellano, a Stellantis vai lançar mais 6 modelos, incluindo o Novo Peugeot 2008, totalizando 10 produtos em 2024. Já foram apresentados, de acordo com a montadora, a picape Fiat Titano, Jeep Compass e Jeep Commander, e anunciado o lançamento do Citroën Basalt, que completa a linha da marca francesa na fábrica de Porto Real, no Rio de Janeiro.

Peugeot 2008 já está sendo produzido na Argentina (Foto: Divulgação)

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