'Somos contra pagamento de doador de sangue', diz presidente da Hemobrás sobre PEC da venda de plasma

Imagem aérea da fábrica da Hembrás, no município de Goiana (PE) — Foto: Reprodução/g1

Imagem aérea da fábrica da Hembrás, no município de Goiana (PE) — Foto: Reprodução/g1

O presidente da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), Antônio Edison Lucena, disse que não vê "sentido" na discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que libera a venda de plasma sanguíneo. O texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no início de outubro.

"Somos contra pagamento de doador [de sangue], somos contra remuneração de hemocentros. Somos contra o que é hoje diferente da lei. A lei já prevê que o plasma excedente seja fracionado pela indústria nacional. E a indústria nacional é a Hemobrás", declarou Antônio Edison Lucena.

A declaração foi dada nesta segunda-feira (23), durante coletiva de imprensa após uma vistoria do Ministério Público no complexo industrial da empresa federal, em Goiana, na Zona da Mata Norte (saiba mais abaixo). Para Lucena, a venda de sangue trazer riscos à saúde de pacientes que dependem de doações.

"Se você vai doar seu plasma de sangue de uma forma altruísta, você vai com uma consciência. Se você vai por remuneração, você pode esconder um comportamento inadequado que pode, sim, trazer risco, já que você tem algum tempo entre fazer a doação e aparecer algum marcador viral", afirmou o presidente da Hemobrás.

Após aprovação na CCJ, o texto segue para o plenário do Senado e, caso seja aprovado, será encaminhado para votação na Câmara dos Deputados.

A proposta, relatada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), permite a atuação de empresas privadas na produção e comercialização de hemoderivados e pode abrir espaço para que doadores recebam uma compensação financeira, segundo o Ministério da Saúde.

Fábrica da Hemobrás será concluída até 2025

Sílvia Pontes Lopes, procuradora do Ministério Público Federal; o presidente da Hemobrás, Antônio Edison Lucena; e o procurador do Ministério Público de Contas da União, Marinus Marsico — Foto: Artur Ferraz/g1

Sílvia Pontes Lopes, procuradora do Ministério Público Federal; o presidente da Hemobrás, Antônio Edison Lucena; e o procurador do Ministério Público de Contas da União, Marinus Marsico — Foto: Artur Ferraz/g1

Obra que se arrasta desde 2010, a construção da fábrica da Hemobrás, em Goiana, será concluída em 2025, de acordo com o presidente da empresa, Antônio Edison Lucena.

Atualmente, para que a estrutura fique pronta, falta a entrega de duas unidades industriais. A primeira, de Fator VIII Recombinante - medicamento usado no tratamento de hemofilia -, será inaugurada em dezembro, dois meses depois do previsto. A última a ser finalizada é a unidade de hemoderivados, cujas obras têm previsão de conclusão em dois anos.

Na manhã desta segunda (23), representantes do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público de Contas da União (MPTCU) estiveram na fábrica para verificar se os prazos da obra estavam sendo cumpridos.

"Tem havido uma grande evolução e já está em fase final a fábrica, a partir das instalações que foram inspecionadas. Obviamente isso demandará a ultimação, até onde nós temos notícias oficiais, da chegada de alguns equipamentos, a fim de que se inicie a produção dos medicamentos", informou a procuradora do MPF Sílvia Pontes Lopes.

"Depois de vários anos acompanhando essa obra, estamos observando que hoje a Hemobrás é uma empresa saneada; que ficaram no passado aqueles problemas todos, aqueles cenários horríveis de corrupção", afirmou o procurador do MPTCU Marinus Marsico.

A construção já foi alvo de investigação por irregularidades em contratos. Com o fim das obras, a expectativa do governo federal é tornar o Brasil um país autossuficiente na produção de hemoderivados, medicamentos que têm como matéria-prima o plasma humano, um dos componentes do sangue. 

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