Dono da JBS grava Temer liberando compra de silêncio de Cunha

Foto: Charles Sholl/Futura Press
Os donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, gravaram o presidente Michel Temer (PMDB) dando aval para que comprassem o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. A informação é do colunista do Globo Lauro Jardim.
Na tarde de quarta-feira passada, dia 10, Joesley, acompanhado do o irmão, entraram apressados na STF e foram direto ao gabinete do ministro Edson Fachin. Os donos da JBS estavam com outras cinco pessoas, da empresa. Eles se dirigiram para lá para o último ato de uma bomba atômica: a delação premiada que fizeram, com poder de destruição muito maior que a da feita pela Odebrecht.
Nela consta algo que jamais havia sido feito na Lava Jato: uma gravação do presidente Temer sugerindo comprar o silêncio do deputado Eduardo Cunha. O peemedebista indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS) diante de Joesley. Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil. Temer ouviu do empresário que estava dando a quantia a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Ao que Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.
Também foram pagos, de acordo com o empresário, R$ 5 milhões a Cunha depois de sua prisão, valor referente a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele.
Pela primeira vez na Operação Lava Jato foram feitas ações controladas, ou seja, a ação da polícia é adiada para um momento mais oportuno para investigação. Diálogos e entregas de malas (mochilas) foram filmadas pela PF. Para “piorar” os números de série das cédulas foram passadas aos procuradores e as mochilas tinham chips para rastrearem o caminho do dinheiro. Só em abril foram distribuídos cerca de R$ 3 milhões em propinas carimbadas.
A delação da JBS foi recorde, afinal elas começaram em março. Os depoimentos começaram em abril e na primeira semana de maio já haviam terminado. Tudo foi negociado pelo diretor jurídico da JBS, Francisco Assis e Silva, que também virou delator, outro fato inédito.
De acordo com a homologação de Fachin, os sete delatores não serão presos, nem usarão tornozeleiras eletrônicas, contudo eles devem pagar R$ 225 milhões para livrá-los das operações Greenfield e Lava Jato que investigam a empresa há dois anos. O valor pode aumentar se um a leniência com o governo americano forem fechadas.
Com informações do colunista Lauro Jardim, no jornal O Globo.