Governo norte-coreano investe em armas enquanto população sofre com a miséria


De acordo com a estimativa da ONU, cerca de 30% das crianças norte-coreanas sofrem de desnutrição crônica

 A Coreia do Norte está ameaçando a paz mundial ao afirmar recentemente que pretende utilizar armas nucleares e seu enorme Exército — o 5º do mundo — contra seus inimigos (EUA, Coreia do Sul e Japão). Nos últimos dias, o país também divulgou, por meio da sua agência estatal de notícias (KCNA), grandes manifestações populares apoiando um conflito armado. Entretanto, tais demonstrações de força escondem a pobreza na qual vive uma parcela significativa da população norte-coreana.
Nos últimos dez anos, de acordo com as estimativas do Departamento de Estado dos EUA, a Coreia do Norte utilizou, em média, 25% do PIB com gastos militares. A organização internacional Global Security (Segurança Global, em tradução livre) divulgou que os norte-coreanos investiram cerca de R$ 80 bilhões, em 2011, somente nas suas Forças Armadas. Diante da falta de informações oficiais sobre o tema, todos esses dados são estimativas produzidas por especialistas pautados por relatórios de inteligência bélica.
Porém, para sustentar e equipar um corpo militar que representa 5% da população total do país — mais de 1 milhão de soldados — e exibir frequentemente mísseis balísticos de alta tecnologia, tanques, aviões e navios de guerra, não resta dúvida que a Coreia do Norte precisa dedicar boa parte de seus recursos para manter seu arsenal.
Na contramão do exibicionismo do Exército norte-coreano, a ONU (Organização das Nações Unidas) e outras organizações de direitos humanos acompanham de perto os problemas sociais do país, denunciando insistentemente a pobreza na qual a população local vive.
Em novembro de 2012, as Nações Unidas divulgaram um relatório alegando que 27,9% das crianças norte-coreanas sofrem de desnutrição crônica e estão com dificuldades para se desenvolver fisicamente e intelectualmente. O mesmo documento afirmou ainda que 4% delas possuem desnutrição aguda, o que significa que estes meninos e meninas terão problemas pelo resto da vida devido à falta de alimentos na infância.
Estimativas das organizações internacionais calculam que cerca de 3,5 milhões de norte-coreanos morreram entre 1990 e 2000 em consequência da fome. Durante esse período, a crise humanitária foi tão grave que o país aceitou receber alimentos enviados pela ONU em 1998.
No início deste ano, a agência de notícias asiáticas Asia Press reportou casos de canibalismo na Coreia do Norte em razão da escassez de comida. A informação chocou a comunidade internacional e foi divulgada pelos principais meios de comunicação. Por este motivo, o notório jornal americano Washington Post publicou uma matéria em fevereiro relatando a miséria generalizada do país.
A ditadura comunista norte-coreana está entre os governos mais fechados do mundo e seus dados sociais e econômicos são tratados como segredo de Estado. Além disso, os cidadãos do país asiático são fortemente oprimidos e acabam submetidos a situações desumanas silenciosamente, sem que a comunidade internacional tenha conhecimento dos fatos.
O regime autoritário norte-coreano, hoje comandado por Kim Jong-un, o terceiro membro da família Kim — no poder desde 1953 — a liderar o país, coloca em risco incontáveis vidas ao levar adiante sua postura militarista. As ameaças de guerra contra outras nações, como testemunhado recentemente, denunciam um terrorismo de Estado contra a estabilidade mundial. Estes atos se tornam ainda mais inconsequentes diante dos problemas sociais da Coreia do Norte.
R7.

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