Desabafo: Funcionária de escola diz que fechamento pode ter motivos políticos

Redação

O ano de 2012 começou amargo para a Escola Municipal Professor Renato Lima, em Cruz das Armas. Com 45 anos de trajetória, o estabelecimento de ensino fundado em agosto de 1967 foi crucial na educação de muitos moradores do bairro e também de localidades vizinhas. Ainda assim, o fator tradição não foi o bastante perante a secretaria de Educação de João Pessoa, para assegurar o funcionamento da escola. Nem mesmo os 340 alunos e cerca de 12 funcionários do local.

O letreiro, que antes trazia o nome da escola, já cedeu lugar ao de uma creche nova do bairro. "A escola não existe mais", anunciam os moradores em ocasião da visita da reportagem.  "Agora é no Oscar de Castro", acrescentam.  De acordo com uma funcionária da extinta escola, a razão do fechamento não pode ter sido outra, além de razões políticas. "A nossa escola ia bem. Foi tudo de repente, prematuro demais. Tivemos apenas três dias para organizar a mudança", menciona.

Segundo informações, a secretaria de Educação explicou apenas que o prédio seria usado para fundar uma creche, estrutura supostamente votada pela população, através do Orçamento Democrático.  Sobre os alunos, a diretora da escola explicou que 190 foram transferidos para a Escola Oscar de Castro, e estão distribuídos em 6 salas que supostamente estariam ociosas.

"Os estudantes da educação primária ficariam no prédio anterior, onde funciona a nova creche, e os que estudam do 1º ao 5º ano, foram transferidos para o Oscar de Castro. Já os estudantes do programa EJA,  que representavam a maioria da escola, foram transferidos para outra instituição no bairro", informa.

Evasão Escolar

De acordo com a denúncia, houve evasão escolar após a determinação. Mães teriam retirado seus filhos e os estudantes da noite, desmotivados, acabaram abandonando os estudos. Os sinais de negligência do governo Agra para com a escola, apareceram desde o último ano, conforme apontado. Dentro desse período foram feitas diversas tentativas para que houvesse reforma no local, no objetivo de melhorar as instalações, corrigir falhas estruturais como rachaduras e também propondo uma expansão para atender melhor o quantitativo de alunos. "A reforma nunca vinha", ressalta a funcionária. Neste mesmo tempo, o corpo técnico da escola, composto por três profissionais entre psicólogos e psicopedagogos, foi  transferido para outro estabelecimento, sem reposição de efetivo.

Recursos desviados

Segundo funcionários da escola, os recursos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que vinham para a Escola Municipal Professor Renato Lima, foram automaticamente desviados para uma nova escola, construída recentemente pelo atual governo, no Bairro das Indústrias.

Material desaparecido

Os funcionários denunciaram que o tempo para fazer a mudança que supostamente culminaria na fusão entre as duas escolas, a Professor Renato Lima e a Oscar de Castro, foi insuficiente. Material escolar teriam desaparecido do local, armários também foram arrombados e até pertences pessoais dos funcionários teriam sumido. A mobília escolar da extinta escola, também foi totalmente perdida, visto que durante a transferência, o material ficou em local impróprio, houve depredação e também desgaste, após as fortes chuvas.