O ENGÔDO DO GOVERNO E O FECHAMENTO DAS ESCOLAS


Nilvan Ferreira
Não acredito em governo que envereda pelo princípio de que é preciso fechar escolas para resolver os problemas da educação. É uma tese que extrapola os limites da lógica, uma espécie de inversão de valores. Como resolver os problemas da educação, tornando-a mais distante do que era pra ser o seu público alvo: os analfabetos, os que compõem os índices de evasão e de repetência escolar? Juro que não consegui compreender ainda a tese apresentada pelo governador Ricardo Coutinho sobre o assunto, dentro do que a sua gestão denominou de "Processo de reordenamento educacional".
O governo está decretando o fechamento de cerca de mais de 100 escolas em todo estado. São escolas localizadas na grande maioria das regiões da Paraíba. Neste mapa do fechamento, estão escolas da zona urbana e da zona rural. Enquanto os alunos são obrigados a procurar outra escola mais próxima, a maioria dos seus servidores são jogados à própria sorte. Alguns serão reaproveitados; outros ficam desempregados.
O grande problema é que o governo pegou a todos de surpresa. Não houve o mínimo de discussão sobre o assunto. Não optou-se pelo aprofundamento dos detalhes, tendo como base também opiniões contrárias, capazes de minimizar o potencial do pensamento inicial do governador e de seus secretários. Ao contrário da lógica de um governo que se diz democrático, decidiu-se pelo fechamento das escolas e ponto final. Coube à sociedade apenas acatar a decisão e obedecer aos ditames preferidos pelo REI.
A tese do governador está eivada de erros. Não se constrói um processo de resgate educacional de uma sociedade, primando pelo seu completo distanciamento do povo. Acreditar que a educação avançará, fechando escolas e impedindo que as pessoas tenham acesso à sala de aula mais perto de casa, no mesmo bairro, na mesma localidade rural é engano. Num país onde é gritante o número de pessoas analfabetas, a lógica seria a construção de um sistema educacional onde o acesso fosse concreto, sem obstáculos, dentro de uma estrutura que pudesse ofertar alfabetização, acompanhada de perfeitas condições, a exemplo de merenda de qualidade, fardamento gratuito e professores bem remunerados.
Ricardo, o governador, além dos títulos que já acumula, ao longo do seu primeiro ano de gestão, agora também será "carimbado" pelos registros históricos, como o homem que teve seu governo marcado pelo fechamento de um grande número de escolas públicas, obrigando pobres crianças e jovens a procurar educandários bem distantes de suas residências.
Como vamos conseguir retirar a Paraíba dos índices melancólicos que envolve a violência, se temos um governo que prefere optar pela diminuição das salas de aula? A cada escola fechada pode significar a formação inconsciente de um futuro bandido nas ruas. A cada escola fechada pelo atual governo, podemos estar diante do surgimento de futuros casos de prostituição na nossa juventude.
Peca o governo, peca a sociedade, peca os que deveriam acompanhar problemas como este. A sociedade não pode ficar de braços cruzados, se comportando como se fosse algo normal, o fechamento definitivo de escolas que tinham a missão de educar e de formar para a vida toda uma geração.

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