Um estado humilhado, esquecido e de pires na mão!!

Nilvan Ferreira
Após todas as humilhações sofridas pela Paraíba, quando do anúncio de que a mão de obra, contratada pela FIAT, na cidade de Goiana, no vizinho estado de Pernambuco, seria basicamente de trabalhadores residentes no entorno da cidade sede onde a montadora será instalada, eis que o governador Ricardo Coutinho "acordou pra Jesus" e viu que era melhor admitir a verdade dos fatos e cair em campo para evitar que seu prejuízo político fosse muito maior.
Finalmente o governador reconhece que a Paraíba estava sendo vítima de um boicote por parte do estado vizinho, neste caso da montadora da FIAT. É tanto que foi pessoalmente ao Pernambuco, nesta terça-feira, cobrar uma posição pública dos executivos da empresa, a FIAT, que negaram a existência de tal boicote. O fato do governador reconhecer que algo estava errado já é um bom sinal e não há nenhum problema quando um governante acata uma sugestão de que algo deveria ser feito em relação a assuntos de interesse do estado.
Agora, acontece que o governador Ricardo Coutinho procurou o caminho equivocado para resolver o impasse. A FIAT já havia dito em nota anterior que o treinamento e capacitação da mão obra que será aproveitada e contratada pela empresa, tanto na construção das instalações físicas como na própria montadora em sí, será de responsabilidade da secretaria do trabalho e qualificação profissional do Governo do Estado de Pernambuco.
Ou seja, já há um acordo prévio estabelecido entre o Governador Eduardo Campos e a própria FIAT para que o estado capacite a mão de obra que a empresa vai contratar. Foram os tratados firmados para a garantia dos incentivos fiscais que o governo do estado concedeu e que também ampliou através do Governo Federal. Esta é a verdade dos fatos. O resto é tentativa de esconder os efeitos de uma política de relacionamento equivocada entre a Paraíba e o vizinho.
Ricardo Coutinho deveria ter rechaçado a exclusão da Paraíba de forma pública, sem demora, sem pestanejar. O estado precisava de um pronunciamento do seu governador sobre o assunto. Ao contrário, Ricardo atacou os que fizeram a denúncia, chamou todo mundo de mentiroso e esqueceu quem está praticando o preconceito contra o povo do nosso estado. Porque Ricardo não procurou Eduardo Campo para expor a sua revolta? E os empresários da FIAT com quem Ricardo dialogou nesta terça-feira, que documento assinaram para garantir a contratação da mão de obra paraibana? Que garantias o nosso povo terá de que procurando o emprego lá em Goiana, não sofrerá o preconceito por não residir no Pernambuco?
Ora, são perguntas que merecem respostas urgentes. Não bastam notas oficiais da assessoria do governo, que tem o objetivo de aliviar os desgastes. É necessário uma tomada de posição da Paraíba enquanto ente federativo, também responsável pela renúncia fiscal e seus efeitos, mesmo quando praticado por um estado vizinho. E a lógica é simples: os recursos destinados aos estados da federação são construídos a partir de todos os impostos arrecadados por todos os estado e pela União. Dito isto, fica fácil entender que qualquer incentivo fiscal concedido pela máquina tributária reflete diretamente no tesouro de todos os entes.
No resumo de toda a polêmica que vê sobre o tema, fica claro que um estado não pode, sob o risco de ferir o pacto federativo, usar de maios ilegais ou maquiados, para fechar suas fronteiras e impedir que povos vizinhos possam disputar uma vaga no seu mercado de trabalho. É algo inaceitável nos tempos de hoje. É preciso resistir, mobilizar a sociedade e principalmente a classe política.

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