Artistas se mobilizam para ajudar profissionais do circo que perderam renda devido à pandemia

 

Em meio à pandemia do novo coronavírus, a solidariedade entra em cena. Artistas de um grupo de Limoeiro, no Agreste de Pernambuco, se uniram para ajudar famílias que vivem do circo, em Aliança, na Zona da Mata Norte. Gente que deixou o picadeiro e ficou sem renda por causa dos protocolos de segurança, que impedem espetáculos no estado, desde março. Já são quase seis meses sem poder anunciar ao “respeitável público” que o espetáculo vai começar. O palhaço Baguncinha e a sua trupe do circo Águia de Asa estão parados. Todos que trabalham no local fazem parte da mesma família e o bom humor, mesmo em tempos difíceis, prevalece. “Muito tempo sem pintar a cara, é uma emoção muito grande, mas vamos ver como é que fica. Felicidade enorme, sou o palhaço Baguncinha. São 20 anos de profissão, de arte, levando alegria para o Norte e Nordeste. Estou aqui, fazendo minha maquiagem, relembrando os velhos tempos”, disse Baguncinha, que, quando não está caracterizado, atende pelo nome de Josinaldo Ferreira de Araújo. O circo chegou a Aliança, na Zona da Mata Norte do estado, em março. Eles ainda fizeram oito apresentações antes dos espetáculos terem sido proibidos por causa da pandemia. Eles pretendiam ficar apenas 30 dias na cidade, mas, sem o dinheiro dos ingressos, não conseguiram seguir viagem. Apesar das dificuldades que estão passando, a saudade das apresentações ainda é o que mais dói. “Não aguento mais ficar num lugar só, porque a gente fica sempre mudando de lugar para lugar. Nunca passei seis meses num lugar só, nunca morei em lugar nenhum. Eu só trabalhava levando espetáculo. Porque a nossa fantasia e alegria é armar e desarmar. A gente vai naquela meta, ‘eita, vai bombar’, mesmo que não bombe”, afirmou o palhaço. Ao todo, 25 circos estão espalhados por todo o estado, de acordo com a Secretaria de Cultura de Pernambuco. 

São famílias que dependiam da bilheteira para sobreviver e que, hoje, estão com as arquibancadas vazias. No circo do palhaço Maluquinho, que também está em Aliança, 12 artistas esperam ansiosos a volta ao picadeiro. A situação não é fácil para quem viveu de arte a vida inteira. Desde março, os artistas de circo que estão em Aliança recebem ajuda de uma turma bem animada. São os atores da Companhia de Teatro Galpão das Artes, que fica na cidade vizinha, em Limoeiro. Eles percorrem, de 15 em 15 dias, cerca de 60 quilômetros para chegar até os dois circos. Eles também tiveram os espetáculos parados, mas, segundo o coordenador da companhia, Fábio André, usaram de criatividade para produzir solidariedade. “O povo de Limoeiro, que é o espectador galpão, doa alimento, doa livros, doa material de limpeza e de higiene. São os artistas limoeirenses, junto com o galpão, fazendo essa ação que a gente considerou o Galpão Solidário. De artista para artista”, declarou Fábio.

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