Chefe do tráfico no Alemão não tinha antecedente criminal, diz polícia




Chefe do tráfico no Alemão não tinha antecedente criminal, diz polícia


De 48 denunciados por tráfico, 38 eram 'ficha limpa', segundo a Polícia Civil. Quadrilha utilizava idosos e menores para observar policiais da UPP.

Um dos ônibus incendiados no Rio de Janeiro (Crédito: Reprodução TV Globo)
O chefe do tráfico de drogas do Conjunto de Favelas do Alemão, Subúrbio do Rio, Edson Silva de Souza, conhecido como “Orelha” e preso na quinta-feira (18), não tinha passagem pela polícia, de acordo com investigações mostradas no Fantástico deste domingo (21). Ele é um dos 38 denunciados após operação da Polícia Civil e Secretaria de Segurança com apoio do Ministério Público que têm a “ficha limpa”. Apenas 10, dos 48 acusados por tráfico de drogas, possuíam registro contra eles na delegacia. Na operação, 27 foram presos.
De acordo com gravações feitas pela Polícia Civil, a quadrilha foi responsável por incêndios a ônibus, ataques a prédios públicos e emboscadas contra policiais. Entre eles, o comandante da UPP Nova Brasília, no Conjunto de Favelas do Alemão, Uanderson Manoel da Silva, morto na quinta-feira (11).
A polícia descobriu um esquema de monitoramento de policiais pelos traficantes. Observadores do tráfico ficavam escondidos em casas próximas à base da UPP passando informações sobre os PMs aos líderes. Segundo o delegado da 45ª DP (Alemão), Felipe Curi, os chefes do tráfico recorriam a pessoas comuns para obter informações da UPP.
“Eles colocavam pessoas idosas e menores de idade, que ficavam com telefones celulares, e através de aplicativos de mensagens, passavam informações sobre a posição dos policiais”, disse o delegado.
O gerente do tráfico, Igor Lopes da Silva, era quem orientava os ataques aos agentes. “Deixa vir descendo e arrebenta. Dá consciente. Cada um, um pente. E sai saindo, entendeu?”, disse ele, em uma escuta gravada em fevereiro de 2014.
No fim de abril, uma idosa, de 72 anos, morreu após ser baleada em uma troca de tiros entre policiais e traficantes no Alemão. Moradores fizeram manifestações, na ocasião. Quando a filha da vítima foi reclamar de sua morte na sede da UPP, uma traficante, identificada como Risodalva dos Santos, ligou para Igor para passar as informações. Ela também fazia parte da quadrilha.
Risodalva - A filha da mulher chegou aqui desesperada, que ela morreu. Mas tem que juntar mais gente, cara, tem pouca gente - disse em escuta telefônica.
Igor - Daqui a pouco, todo mundo vai se chegando.
Risodalva - O bagulho era alguém dar uma ordem para gente jogar umas gasolinas, né?
Igor - O bagulho é tacar logo fogo nessa base aí, logo.
Risodalva - Me dá um toque que eu fico aqui na espera, estou aqui com umas 15 cabeças perto de mim.
Após a conversa, a base da UPP e um posto médico da comunidade foram atacados. Ônibus e carros de polícia foram incendiados, também após autorização de um homem não identificado a um menor de idade. A liderança do tráfico também ordenava saques a supermecados da comunidade.
Segundo o serviço de inteligência da Secretaria de Segurança, os traficantes passaram também a ser monitorados e as escutas ajudaram a evitar novos ataques.
G1 Rio de Janeiro

Comentários