Bernardo gritava por socorro e era ameaçado por madrasta

Existência de vídeo foi revelada por delegada durante audiência na terça

Um vídeo obtido durante uma perícia no telefone celular de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, mostra uma briga entre a família e o garoto, assassinado em abril deste ano no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quarta-feira (27), a RBS TV e o G1 tiveram acesso com exclusividade a um trecho em áudio do material, que será usado como principal prova pela acusação no processo da morte. As declarações são fortes. O menino de 11 anos foi assassinado em abril.

"Socorro, socorro, socorro", grita o menino, cinco vezes seguidas. "Vocês me agrediram, tu me agrediu", afirma Bernardo a Graciele.
Veja a transcrição (alguns trechos são inaudíveis)
Bernardo: Socorro.
Leandro: Vamos se acalmar. Vai para o teu quarto.
Bernardo: Socorro (...) vai me agredir. Socorro, socorro, socorro.
Graciele: (inaudível) Vai lá pedir socorro, vai lá.
Bernardo: Vão vocês!
Leandro: Quem que começou a bagunça?
Bernardo: Vocês me agrediram, tu me agrediu.
Graciele: E vou agredir mais. A próxima vez que tu abrir a boca para falar de mim, eu vou agredir mais.
Leandro: Xingando ela. Ninguém merece ser xingado, né, rapaz.
Graciele: Eu vou agredir mais, eu não fiz nada em ti.
Bernardo: Fez sim. Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando. Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo: (inaudível) Queria que tu morresse
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz. Vamos ver quem tem mais força. Aí nós vamos ver quem tem mais força.
Bernardo: Quando tu morrer
Graciele: É, vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro
Bernardo: Tu. Tu vai
Graciele: Então tá, se tu tá dizendo.
O vídeo mostra um quarto, que parece ser do casal. O celular está posicionado em um canto. O menino Bernardo não aparece em um primeiro momento. É possível apenas escutar seus gritos, como se estivesse preso em outro espaço da casa. Ele pede socorro e diz que foi agredido.
Depois, o menino já está no mesmo quarto que Leandro e Graciele. No local é possível ouvir o diálogo onde Graciele diz que prefere ver o menino morto a conviver na mesma casa. Mais para frente, Bernardo dá a entender que está olhando para a rua. Ele diz ao pai e a madrasta que há pessoas na rua olhando para casa e, momentos depois, a polícia chega.
Leandro, então, vai conversar com a Brigada Militar, enquanto Graciele instiga o menino. Ela o chama de “cagão” e “froinha”, por não ter ido reclamar à polícia. Bernardo começa a gritar dentro de casa dizendo que o casal o agrediu. O vídeo tem em torno de 30 minutos. No final, Graciele dá um medicamento para dopar o menino e a voz da criança fica diferente, mais lenta e calma.
Segundo a delegada Caroline Bamberg, as imagens foram gravadas pela madrasta com a intenção de dizer que Bernardo era agressivo com a família. O arquivo havia sido apagado do celular de Leandro, mas foi recuperado por técnicos do Instituto-Geral de Perícias.
Confira, na íntegra, o vídeo que contem o áudio da discussão

G1.
WSCOM Online

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