Polícia não descarta mais prisões em Caruaru

Vereadores pediam R$ 2 milhões para aprovação de projetos

Vereadores pediam R$ 2 milhões para aprovação de projetos. (Crédito: Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press (Nando Chiappetta/DP/D.A Press) )
A Polícia Civil de Pernambuco não descarta a prisão de mais envolvidos no esquema de corrupção da Câmara de Vereadores de Caruaru. Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (19), o delegado responsável pelo caso, Erick Lessa, informou que as investigações da Operação Ponto Final continuam e que outros vereadores podem ser detidos.
A polícia revelou que os legisladores pediam R$ 2 milhões à prefeitura para dividir entre todos para a aprovação de projetos. A polícia, no entanto, não revelou mais detalhes sobre a operação desencadeada ontem (18) que culminou com a prisão de dez dos 23 vereadores de Caruaru.
O delegado também informou que não há comprovação de que a prefeitura do município tenha pago propina como chegou a afirmar o vereador Jailton Soares de Oliveira (PPS), mais conhecido com Jajá, enquanto estava no Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo delito antes de ser encaminhado à Penitenciária Juiz Plácido de Souza. "A prefeitura colaborou com as investigações", garantiu o Erick Lessa.
"O valor que eles solicitaram foi aproximadamente R$ 2 milhões para dividir entre todos e faziam barganhas para diminuir ou aumentar estes valores. Então, isso foi exigido pela Câmara dos Vereadores. Por seis vereadores da oposição a princípio quatro da situação, podendo entrar algum outro vereador no caminhar das investigações", completou o delegado, ao se referir ao projeto do Transporte Rápido por Ônibus (BRT), aprovado nesta terça-feira (17) na Câmara.
A pauta foi aprovada com 17 votos a favor, 5 contra e uma abstenção. O valor foi de R$ 250 milhões e será contraído junto ao BNDES. Desse total, R$ 150 milhões serão destinados para o ramal Leste/Oeste do BRT, ligando o bairro das Rendeiras até o Alto do Moura, e R$ 100 milhões para pavimentação de ruas e avenidas. Os vereadores Ranilson Enfermeiro (PSC) e Edjailson da Caruforró (PTdoB) também prestaram depoimento.
O grupo de vereadores vinha sendo investigado há seis meses. Os legisladores são acusados dos crimes de concussão (cobrança de vantagem em troca de voto), corrupção passiva e organização criminosa. A investigação corre em segredo de justiça.
As prisões foram coordenadas pela Gerência de Controle Operacional do Interior da Polícia Civil no Agreste. Participam dos trabalhos 120 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães. Segundo o delegado Erick Lessa, que preside o inquérito, foram apreendidas oito armas de fogo, R$ 50 mil em dinheiro e 55 euros e mais de R$ 165 mil em cheques. “O que podemos dizer é que existe um esquema de vereadores que solicitam e exigem valores para aprovar determinados projetos na Câmara”, contou.
Diário de Pernambuco

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