Rebeca Gusmão comemora nova fase e admite ter pensado em suicídio

Ex-nadadora relembra internação e momento complicado da depressão

Quem vê a ex-nadadora Rebeca Gusmão não se depara mais com aquela mulher musculosa que colocou o nome na história da natação brasileira não apenas pelas conquistas nas piscinas, mas por polêmicas como o doping que fez com que fosse barrada das competições. Recentemente, a ex-atleta voltou à mídia após ficar em coma devido a um overdose de medicamentos. Apesar das notícias que de teria tentado suicídio, ela nega que isso tenha acontecido. Mudada, com outra fisionomia e feliz, Rebeca festeja os resultados do tratamento e admite que cogitou tirar a própria vida durante a fase mais complicada da depressão (assista ao vídeo).
- Se eu falar que isso não passou na minha cabeça, eu vou estar mentindo. Já se passou sim, algumas vezes. Algumas muitas vezes. Mas não nesse dia (em que foi internada, em agosto). Justamente por eu já estar em tratamento. Eu fui irresponsável em estar ingerindo um medicamento, que já era forte, a mais e aconteceu o que aconteceu, de eu quase perder minha vida. Hoje agradeço muito a Deus pela oportunidade de estar aqui - disse, alegando ter tomado uma dosagem maior da medicação apenas com a intenção de dormir.
Na ocasião, Rebeca ficou quatro dias na UTI devido a uma intoxicação exógena (por ingestão de medicamentos). Aos 29 anos, ela vive uma nova fase, conta com o esporte como aliado no tratamento para depressão e usa a experiência de quase dez anos como atleta para ajudar novos talentos, com o trabalho que desenvolve na Secretaria de Esportes do Distrito Federal.
- Fui buscar minha terapia no esporte. E isso foi até uma exigência do próprio psiquiatra e da psicóloga. O que me traumatizou foi a natação, e hoje estou nadando. E estou gostando. Faço natação, futsal, faço crossfit, musculação, vou começar a me arriscar no futevôlei. Sou uma outra pessoa. Tenho me sentido bem. Tenho claro que, gradativamente, você vai se sentindo melhor, começa a sorrir de novo. E eu tenho aproveitado ao máximo a vida - disse.
Mas a caminhada foi longa e persiste. Rebeca admite que não foi fácil lidar com a reviravolta que aconteceu na carreira, em 2007, quando surgiu o primeiro resultado positivo para testosterona exógena. Outros exames também detectaram a substância e, por acumular punições, ela acabou banida do esporte. A atleta perdeu os dois ouros, a prata e o bronze conquistados nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, naquele mesmo ano.
- Isso tudo vai acumulando e tem uma hora que você despenca. Esse ano foi o ano que não aguentei. Entrei em depressão, em depressão profunda mesmo, e não queria comer, não queria sair de casa. Chorava muito. Foi quando eu pedi ajuda - contou a ex-atleta, que chegou a emagrecer 22 quilos (oito já foram recuperados).
Com sorriso no rosto, Rebeca estimula outros atletas a persistirem no sonho. Ela ainda não desistiu de voltar às piscinas, mas sabe que precisaria reverter a decisão da Federação Internacional de Natação. O processo corre em segredo de justiça.
- Eu não posso afirmar se eu voltaria a competir, mas pelo menos uma competição, a pedido dos meus fãs, das pessoas que me viram nadar, até mesmo dos meus sobrinhos, que nadam e gostariam de ter me visto nadar, eu faria isso - afirmou.
Independentemente do resultado e da incerteza em relação ao retorno, ela recuperou a alegria de viver e se sente vitoriosa.
- Mais importante que você ganhar uma medalha é você ajudar os outros a ganhar uma. Isso não tem preço, é gratificante demais.
Globoesporte

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