Novo sistema de e-mails vai 'livrar governo da espionagem', diz Serpro

Segundo presidente do órgão, toda tentativa de invasão será identificada.
Tecnologia deverá ser instalada na Presidência em novembro deste ano.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
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Tela de e-mail do Expresso V3 (Foto: Nathalia Passarinho / G1)Tela de e-mail protegida pelo software Expresso V3, desenvolvido pelo Serpro (Foto: Nathalia Passarinho/G1)
O presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Mazoni, afirmou nesta segunda-feira (14) que o novo sistema de e-mails desenvolvido pelo órgão para proteger dados será capaz de “livrar o governo completamente da espionagem”.

De acordo com ele, uma tecnologia chamada Expresso V3 e desenvolvida pelo órgão - que presta serviços de Tecnologia da Informação e Comunicações para o setor público  - é capaz de identificar quaisquer tentativas de acesso ilegal de informações.
Todo o tráfego de dados ocorrerá em servidores do Serpro e por fibras óticas de empresas públicas, como a Telebrás, sem uso de redes estrangeiras.
O uso do Expresso na comunicação, nos sistemas de comunicação do governo, livra o governo completamente da espionagem"
Marcos Mazoni,
presidente do Serpro
“O uso do Expresso na comunicação, nos sistemas de comunicação do governo, livra o governo completamente da espionagem”, afirmou. O anúncio de instalação da nova tecnologia de e-mails ocorre após revelações, pelo programa Fantástico, de que o governo dos EUA espionou a Petrobras e a presidente Dilma Rousseff e de que o Canadá espionou o Ministério de Minas e Energia.

Com o objetivo de evitar o acesso de comunicações do governo brasileiro por outros países, a própria presidente determinou que o Serpro desenvolvesse uma tecnologia segura de transmissão de informações pela internet.
Mazoni afirmou que o Expresso V3 será implantado a partir de novembro, primeiramente na Presidência da República. O sistema é uma atualização de outra tecnologia de internet desenvolvida pelo órgão, o Expresso V2, já utilizado por 20% do governo federal.
Tecnologia
Com esse software, a conexão à internet, troca de e-mails e videoconferências ocorrem por uma rede interna, o que deve dificultar o acesso de espiões às mensagens trocadas pela presidente, ministros e funcionários públicos. Já os e-mails enviados por autoridades a terceiros serão criptografados, ou seja, são protegido por uma série de códigos.

O acesso ao sistema de e-mails e internet pela presidente e ministros ocorrerá por certificado digital também desenvolvido pelo Serpro. O objetivo é evitar o uso de computadores e dados por quem não possui autorização.

“Esse programa é seguro e roda exclusivamente dentro do nosso sistema. Todos os nossos clientes estão hospedados na nossa infraestrutura. Temos controle do tráfego. Tudo é auditável e dominamos completamente os códigos. Nossa infraestrutura nós garantimos que não há invasão”, disse o presidente do Serpro.

O sistema interno de tráfego de dados foi desenvolvido em 2004 e implantado em órgãos federais em 2007, como no Ministério da Fazenda e na Receita Federal. No entanto, a Presidência da República e demais pastas nunca optaram por essa tecnologia, apesar das maiores garantias de segurança.

"Nunca se preocupou com o fato de que essas ferramentas de comunicação pudessem criar tanta possibilidade maliciosa de uso. Saber que tecnologias precisam ser auditadas, se sabe. A nossa preocupação maior [no uso de tecnologia própria] era com sigilos", disse. 

De acordo com Mazoni, a presidente Dilma utilizava o Outlook, programa de e-mail que pertence à empresa norte-americana Microsoft. O Ministério de Minas e Energia, que também foi alvo de espionagem, não utilizava a tecnologia do Serpro.

“Os softwares desenvolvidos nos Estados Unidos seguem a legislação americana que determina a entrega de dados caso sejam solicitadas pelo governo norte-americano”, explicou o presidente do Serpro.

Marcos Mazoni afirmou ainda que o sistema anterior, o Expresso V2, já se mostrava eficiente contra invasões, especialmente na proteção de dados de Imposto de Renda. “Temos tentativa de invasão todo ano de dados do Imposto de Renda e sempre são evitadas."
Economia
De acordo com o Serpro, o uso da tecnologia trará economia, já que não haverá cobrança para o tráfego de dados e uso dos servidores. Segundo Marcos Mazoni, só a licença para uso do servidor de internet custa cerca de R$ 80 por e-mail.

“Teremos redução de custo, porque se você não vai mais usar softwares que necessitam licença. A cada usuário, o governo tem que gastar 80 reais por licença, fora a operação. Se temos em torno de 1,8 milhão de funcionários públicos, estamos falando em alguns milhões de reais que não serão gastos em licença”, disse.

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