O GOVERNO RETARDA A DERROTA NA AL


Nilvan Ferreira
De uma coisa o governo e sua base têm certeza: não adianta postergar. As medidas provisórias terão, mais cedo ou mais tarde, que serem apreciadas pelos deputados. E tem mais: até certo ponto, adiar este momento prejudica mais o governo do que a oposição, uma vez que a pauta do parlamento permanecerá trancada, até que se vote as MP's, e outros projetos de interesse do Palácio ficarão impedidos de receber o veredicto dos parlamentares.
O fato é que a situação é extremamente difícil para o governo. Faltam os votos necessários para uma vida tranquila na Assembléia Legislativa. A maioria desejada bem que poderia existir na prática. Acontece que o relacionamento do governo com os deputados, inclusive os da sua base, não é nada de uma civilidade invejável. Os parlamentares reclamam do tratamento que recebem. Insistem nos pedidos para as suas bases que em quase nada são atendidos pelo governo e a coisa vai tomando proporções inimagináveis.
Além disto, no caso das MP's, a situação é muito mais complexa, uma vez que são medidas amargas, impopulares, que mexem com setores fundamentais para o funcionamento da máquina do estado. Grande parte dos deputados não querem ser taxados de inimigos do FISCO e dos auditores fiscais. Não desejam comprar a briga que só tem um culpado: o governo.
O governo perde, a cada dia, a cada momento, o pouco controle que tinha de uma situação como esta que envolve uma votação importante no parlamento. A fragmentação da base é visível. É um apoio que não tem alicerce. Os deputados já perceberam que o governo e o governador não sabem usar as "carícias" que todo parlamentar adora receber, nem mesmo quando a situação é difícil.
Após a derrota verificada na semana passada, que obrigou o governo a desfazer a criação de uma super secretaria - a da Fazenda, não vai soar bem uma nova vitória da bancada de oposição. Vai ficar parecendo que o governo virou freguês e perdeu o rumo no tocante a orientação política de sua base. Ficará uma situação insustentável e causará mais estragos do ponto de vista político para um governante com apenas pouco mais de um ano de gestão.

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