‘GOSTO RUIM É MAIORIA’


Rubens Nóbrega
Observador de apurado senso crítico mandou i-meio comentando a coluna de ontem (‘Fã de Ricardo’), dedicada ao meu amigo Bicho Bom, admirador e defensor incondicional do governador Ricardo Coutinho.
Bicho, ultimamente, deu pra defender Ricardo com fervor de membro do Coletivo Girassol aquinhoado com gordo contracheque no atual governo. Por conta disso, suas posições têm causado reações negativas em nosso círculo de amizades.
Um dos mais irritados com Bicho Bom é Gosto Ruim, que segundo Potinho de Veneno perdeu uma bela aspone com a chegada do Ricardus I e anda por aí ‘soltando os cachorros’ na nova ordem que se instalou com o advento da Nova Paraíba.
Mas o cidadão que se deu ao trabalho de ler e avaliar a coluna e seus protagonistas acredita que a insatisfação de Gosto não expressa ressentimento, mas o pensamento majoritário da população paraibana, hoje.
Quanto a Bicho Bom, lembra-lhe um tio que viaja muito, “passa muito tempo fora da Paraíba, mas defende, ou melhor, defendia tanto RC que parecia ser do Coletivo”. Vejam, após os asteriscos, o que mais mandou dizer o nosso analista.
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Esse meu tio acha, ou melhor, achava Ricardo sério, honesto, bem intencionado, um santo! Era uma espécie de último dos moicanos ricardistas que se reunia na casa da minha mãe aos domingos. Meu pai não conta, porque ele só vai para a oposição se eu um dia declarar apoio a RC...
Pense que em 2010 eu perdi feio a batalha em casa!... Pois, agora veja como são as coisas. No domingo passado, esse meu tio estava no Cristo (bairro da Capital), reunido com outros parentes nossos e, pelo que vi e ouvi, a situação de RC está ficando feia. Em 2011, a gente sabe que Ricardo foi perdendo adeptos, mas o que aconteceu domingo foi um massacre.
Imagine um monte de Gosto Ruim cercando o único Bicho Bom presente. Eu nem precisei falar, fiquei só me divertindo vendo o circo pegar fogo. Eram pelo menos umas cinco pessoas - todas ex-ricardistas - contestando meu ingênuo tio, que se assombrou com o isolamento. No final, apelou para a honestidade de Ricardo.
Aí, o homem quase apanha! Levou um Cuiá na canela, um Aeroclube no estômago, uma permuta de terrenos na orelha, uma merenda no fígado, um Jampa Digital nos ‘países baixos’, livros ‘didáticos’ no olho e tome cacete!...
No final, a saída honrosa que meu tio encontrou foi: "Eu não voto mais em nenhum desses!". Conclusão, meu caro Rubens: Gosto Ruim é maioria!
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Em resposta (nossa conversa foi por i-meio), observei: “Ainda bem que não crucificaram o seu tio numa Cruz Vermelha. Já pensou, ter que levá-lo ao Trauma numa dessas ambulâncias alugadas pelo governo?”.
Na mensagem de retorno, o meu interlocutor ‘previu’ que após o atendimento no Trauma muito provavelmente o seu tio seria removido para um desses hospitais alugados como depósito de pacientes terminais ou antieconômicos para a Cruz.
Por minha vez, lembrei que se Bicho Bom estivesse participando do diálogo certamente arranjaria uma justificativa para o contrato com a Cruz Vermelha.
“Já sei o que ele diria, Rubens. Diria que a coitada da Cruz só recebe R$ 7,3 milhões por mês para administrar o hospital, mas a gente sabe que antes do atual governo o Trauma tinha um custo de manutenção mensal da ordem de R$ 4,5 milhões, mas a diferença compensaria porque o serviço melhorou, pelo menos na cabeça de Bicho Bom”, antecipou.
- E você, saberia dizer se melhorou mesmo e pra quem? – questionei.
- Lá vem você com pergunta difícil! Olha, de qualquer forma, conforta saber que o meu tio não é funcionário do Estado e não precisa tirar empréstimo em consignação para pagar assistência hospitalar ou tratamento, se ele precisar – ressaltou.
- E qual é o problema funcionário do Estado tirar empréstimo? – quis saber.
- É porque apareceu um esquema aí, Rubens, que veio do Ceará para calcular e ‘administrar’ a margem de consignação do servidor que toma empréstimo. São milhares pagando por essa intermediação, que encarece o dinheiro emprestado e enche as burras dos donos, para alegria também de quem facilitou esse negócio da China, mais um que esse governo contrata sem licitação – explicou.
- Eu não duvido de nada, amigo – disse, encerrando a conversa.
A maldade dessa gente...
Não sabia que a ex-primeira-dama Sílvia Cunha Lima tinha cargo no Ricardus I para cuidar de museus. Muito menos que o Governo do Estado cuida de algum museu que já não tenha quem cuide.
Eu não sabia nada disso até saber ontem de um decreto ‘promovendo’ Dona Sílvia de presidente de um órgão a assessora especial do governador. Sei não, mas me pareceu algo deliberado para expor a mulher do senador como possível aspone.
Talvez tenham feito isso para mostrar o nível de comprometimento do Doutor Cássio com o atual governo. E justo no momento em que o homem começou a falar, fazendo críticas, ainda que veladas e comedidas, à gestão ricardista!
Ou é muita coincidência ou muita maldade, que nessa gente, já dizia o poeta, é uma arte.

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