AGORA É A VEZ DE IR MAIS LONGE (DO POVO)


Nilvan Ferreira
Não consigo compreender a real estratégia do governador Ricardo Coutinho. Confesso que fico aqui intrigado com a sua relação junto as entidades de classe e a população de modo geral. É crise pra todo lado. Há conflitos em todas as frentes, nos mais diversos setores da opinião pública. Este governo já brigou com quase a Paraíba toda. Por onde você passa tem alguém falando de forma negativa do governo e do seu comandante, principalmente.
O próprio governador já sabe que não pode se dar ao direito de participar de solenidades e festas públicas, no meio da rua, junto do povo, pois corre o risco de receber, de cara, uma calorosa saudação à base da famosa "vaia". O governo atual é indesejado, antipatizado, exorcizado, esculhambado. A imagem do governador já não é bem vista perante o povo. Está caracterizado como um governo do mau, que não gosta do povo, que persegue, humilha, demite, massacra.
Confesso que nunca ví algo parecido com o atual cenário. A realidade é tão cruel para o atual governo que até os seus aliados não se sentem bem, frente a possibilidade de ter que partir para a sua defesa, pois correm o risco de não ficar bem na fita. Nas ruas, a situação é dramática. Nas redes socias, os amigos do governo sumiram, se esconderam, diante de tanta coisa ruim para o atual estágio administrativo. No twitter, é tão pouca gente que tem coragem de defender o governo, que a salvação é uma vez ou outra o próprio filho do REI entrar na rede e fazer uma caridade ao seu pai.
Ricardo Coutinho vive hoje a condição de um governador que ninguém se sente bem, ante a exigência de ter que partir para a sua defesa. Os secretários estão "amuados", isolados, queimados, submetidos a uma situação desagradável. Ninguém do povo acredita no que o governo e seus aliados dizem. O governo está caracterizado como um instrumento de provocar coisas ruins contra a Paraíba e o seu povo.
Até os amigos mais próximos ao governador vivem uma crise existencial. Muitos confessam que nada podem fazer, pois o governante não escuta ninguém, não aceita opinião, sugestão de mudança de rumo para evitar as tempestades e os conflitos. A gestão de Ricardo está com cara de fim de governo, fim de festa. O desânimo tomou conta de todos. Parece um trem, cujo maquinista se convenceu que deve seguir sem rumo, mesmo sabendo que o caminho levará ao fim da linha, a tragédia.
O fato de o governador não puder sair na rua com medo de vaias não é algo assim tão normal. É coisa grave, de relevância para um poder e motivo de preocupação por parte dos segmentos que defendem a governabilidade. Acredito que a situação vai piorar e que Ricardo corre o risco de ser alvo de verdadeiros levantes populares. Não duvidem. Ninguém imagina o que as principais entidades dos servidores públicos têm discutido internamente nos encontros dos últimos dias.
Hoje, por exemplo, a simples presença do governador, durante a solenidade de abertura do processo ordinário na Assembléia Legislativa, teria sido algo perigoso e de consequências inimagináveis. A decisão de não se fazer presente foi acertada. No estágio de radicalização e exaltação dos ânimos o embate teria sido inevitável entre os manifestantes e a equipe do governo. Não seria bom pra ninguém. Nem para o povo, nem para o estado.
O fato é que a expectativa era de que 2012 seria o ano das notícias boas do governo e o momento para o início de um processo de recuperação de sua imagem. O previsível não aconteceu ainda e os prognósticos não são nada favoráveis.

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