Os empregos da Fiat

Rubens Nóbrega
Na falta do que mostrar em matéria de atração de investimentos produtivos para o Estado, três meses atrás o Ricardus I comemorou o anúncio da escolha do município de Goiana (PE) como sede da futura fábrica da Fiat no Nordeste.
Segundo Sua Majestade, não se admirem se metade das 4,5 mil vagas de emprego direto da Fiat for preenchida por quem vive e mora na Paraíba porque a fábrica vai ficar a 42 km de João Pessoa e a apenas 15 km de Alhandra.
Além do mais, o monarca apostava e deve apostar ainda que muitas indústrias de autopeças, fornecedoras da Fiat, serão instaladas em nosso Estado, e não em Pernambuco, como, aliás, prevêem as plantas da própria montadora italiana.
Gostaria muito de compartilhar o otimismo do absoluto, mas desde o início sabe-se que todo o entorno produtivo complementar da Fiat ocupará espaços do próprio território pernambucano, entre Goiana e Recife. Quanto aos empregos...
Bem, quanto aos empregos, ontem a imprensa pernambucana divulgou que através do Senai começa na próxima segunda-feira a inscrição de pessoas interessadas em trabalhar na construção da fábrica da Fiat em Goiana.
Detalhe: serão cadastrados candidatos que residam nos municípios de Itaquitinga, Condado, Aliança, Ferreiros, Itambé, Camutanga, Timbaúba, Igarassu, Itapissuma, Abreu e Lima, Araçoiaba e Itamaracá. Todos de Pernambuco.
“Ao todo serão 10.173 pessoas treinadas para ocuparem 6.782 vagas nos cursos ministrados pelo Senai a partir de janeiro de 2012”, revelou ontem o Diário de Pernambuco, acrescentando que até abril a Fiat começa a chamar o pessoal.

Ou é ingenuidade ou...

Perdoem-me a franqueza, mas ou é muita ingenuidade ou é muita esperteza pra enganar os bestas essa história de dizer que o governo de Pernambuco levou a Fiat pra Zona da Mata Norte de lá só para favorecer a Paraíba.
Vocês acreditam mesmo que o governador Eduardo Campos articulou a mudança da fábrica de Suape para Goiana porque o vizinho pobre que fica ao norte não tem força política nem um governo capaz de atrair um empreendimento daquele porte?
Vocês acreditam de verdade que os dirigentes pernambucanos são assim tão bonzinhos com os paraibanos ao ponto de não priorizarem os empregos a serem abertos pela Fiat, com a Fiat, para o pessoal que mora, vive e sobrevive por lá?
Vocês acham, sinceramente, que eles vão tirar emprego do povo de Pernambuco, que vota neles, pra dar pro povo da Paraíba, que vota em Ricardo Coutinho por acreditar no discurso bonito e promessas lindas do nosso governador?
Tomara que sim, caríssimos, tomara. Mas, convenhamos, é difícil. Muito difícil.

A proposta ‘irrecusável’
A historinha que vou contar pra vocês, a seguir, parece que aconteceu no Maranhão I, muito provavelmente no começo de 1998.
O governador paraibano de então juntou dois ou três secretários e foi bater no Palácio Campo das Princesas, em Recife, para fazer uma proposta que, acreditava piamente, seria aceita de pronto por seu colega pernambucano.
Zé Maranhão foi propor ao velho Miguel Arraes a construção de um aeroporto internacional de cargas na divisa Paraíba-Pernambuco. A gente entraria com o terreno e ele, com o prestígio para convencer governo federal e potenciais investidores privados.
Reza a lenda que o lendário líder pernambucano chamou o seu neto preferido, Dudu, para que o então jovem secretário de Governo opinasse sobre a proposta paraibana. Dudu ouviu atentamente a explanação dos visitantes e, ao final, com a maior delicadeza deu o seu parecer, que pode ser resumido na seguinte interrogação:
- Vocês devem estar brincando, né?
‘O Vendedor do Ano’
Semana que vem, vou começar a escolher os melhores do ano. Em várias categorias: a pérola do ano, o escândalo do ano, a maldade do ano...
Desde já, contudo, acredito ser possível anunciar um vencedor que deve ser a maior barbada, talvez a única unanimidade entre colegas jornalistas, colunistas, políticos e pessoas do povo. Refiro-me à escolha do ‘Vendedor do Ano’.
Digo sem medo de errar que essa ninguém toma de Pietro Harley, aquele rapaz que virou celebridade nacional de duas semanas pra cá porque vendeu em menos de um ano mais de R$ 3,2 milhões em livros aos governos dominados pelos girassolaicos.
Potinho e seu veneno
Ligou-me ontem, com voz desconsolada, para dizer uma única frase e me deixar embatucado. Porque não sei, juro, a que ele quis se referir.
- Camarada, ai que saudades daquela poçinha de lama! – foi o que ele disse, ao telefone.


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