Falta de gás de cozinha preocupa donas de casa e síndicos

Enquanto o desabastecimento de botijões de cozinha é motivo de preocupação para as donas de casa e síndicos de prédios, a oferta do gás natural veicular vem garantindo o deslocamento dos usuários

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A greve dos caminhoneiros, que completa hoje sua primeira semana em todo o país, promove situações distintas em relação a um combustível importante tanto para movimentar os carros quanto para garantir a comida na mesa da população. Enquanto já falta gás de cozinha em condomínios de Belo Horizonte, a oferta do gás natural veicular é a única capaz de salvar o deslocamento dos veículos que contam com essa opção, principalmente taxistas. A reportagem encontrou dois postos que oferecem o GNV por meio de tubulação, o que garante a oferta em contrapartida à falta geral de etanol, gasolina e óleo diesel. Enquanto isso, distribuidoras de gás de cozinha enfrentam a escassez do produto e prédios já se preparam para enfrentar dificuldades para cozinhar. O Estado de Minas conversou com os síndicos de dois prédios, que já se preocupam com a escassez do gás. Em Montes Claros, na Região Norte de Minas, os estoques dos revendedores já estão no fim.

Síndico de um prédio no Bairro Ipiranga, na Região Nordeste de Belo Horizonte, Renato Soares do Carmo tentou reabastecer os botijões, que são utilizados por todos os moradores do edifício. Mas foi informado que um novo carregamento será apenas em junho. “Com essa paralisação dos caminhoneiros, está ficando comprometida a situação do abastecimento do gás. Nosso gás já está terminando e a previsão de entrega que obtive hoje junto à fornecedora é somente em 6 de junho. Caso passe disso, vai ficar ainda mais complicado. Acredito que nosso gás não chegue até esse dia não, pois temos apenas 30% do gás”, explicou.


    Situação semelhante é vivida pelo síndico de um prédio do Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Fábio Sampaio, de 34 anos, tentou comprar botijões para repor o que está sendo usado há 15 dias. Mas não teve sucesso. “Liguei no local em que comprei da última vez e o vendedor tinha apenas um. Porém, queria me cobrar R$ 380, sendo que, na outra vez, comprei por R$ 280. Liguei em várias empresas e ninguém tem mais. Algumas nem atendem. Espero que o que a gente tem dure 30 dias, como de costume”, disse.

    Preocupação também é vivida pelas empresas que fazem a venda de gás. Com a paralisação dos caminhoneiros, o produto está em falta há dois dias. “Não tem estoque. Está difícil demais. Ontem, já não trabalhei. No depósito onde trabalho não tem nenhum botijão”, contou Saulo Barnabé Fernandes, que é empregado de uma empresa localizada na Rua Lagoa da Prata, no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste. “A situação está difícil demais. O prejuízo é grande. O problema é que as contas vão se acumulando, não tem produto para vender e, com isso, não tem como pagá-las”, reclamou.

    Uma das maiores distribuidoras de gás da Região Leste de Belo Horizonte está sem botijões cheios desde a tarde de sexta-feira. Os sete carros, duas motos e dois caminhões estão parados e placas alertam que não há o produto em estoque. “Conseguimos uma carga de 150 botijões, mas em 2 horas acabaram todos. Estamos tentando um fornecedor de fora da Grande Bh, mas não sei se vamos conseguir. A todo momento param clientes aqui ou nos ligam pedindo um botijão”, disse o conferente Guilherme Souza, de 23.

    “Vendemos, em média, 400 botijões de gás por dia. Mas, por causa da greve dos caminhoneiros, ontem (sexta feira), vendemos 1.200 botijões”, afirma Edmar Rocha Santos, dono de uma distribuidora de gás no Bairro Jardim Palmeiras, onde o produto acabou na manhã de ontem. Edmar disse que é a favor do movimento dos caminhoneiros, porque acha que é preciso diminuir a carga de impostos no Brasil. “Mas a situação que estamos vivendo é muito triste e ruim para o país. Sem a mercadoria para revender não teremos como honrar os compromissos”, lamentou. O botijão de gás é vendido ao consumidor em Montes Claros por R$ 80 (com entrega em domicílio). O cenário de botijões vazios se repete em outra distribuidora de gás de cozinha, na Vila Brasília, onde 20 funcionários ficaram parados, segundo a gerente do estabelecimento.


    GNV SALVA TAXISTAS A reportagem do em.com.br encontrou dois postos na Avenida Cristiano Machado que estão comercializando o gás natural veicular (GNV), nos bairros Guarani e Xodó Marize, na Região Norte de BH. O combustível chega por gasodutos. No posto do Bairro Xodó Marize, o taxista Paschoal Teodoro da Silva, de 66, abasteceu o cilindro de gás na manhã de ontem e relatou aumento do movimento nessa semana de greve. “Posso te falar que estou rodando 40% a mais do que antes da greve. Hoje mesmo peguei um passageiro que disse que estava sem gasolina e, por isso, precisou do táxi”, contou o motorista. O jeito, segundo ele, é aproveitar o momento. “Tenho que rodar bastante para ganhar dinheiro extra”, afirmou o taxista. O frentista Warley Henrique Damazio de Souza conta que muitos veículos estão equipados com GNV. “Não é só táxi. Tem motoristas de aplicativos, caminhões menores. Como o gás chega pela tubulação, ainda estamos fornecendo”, explicou. Segundo a Gasmig, nos últimos dias, alguns postos registraram aumento de até 30% na venda de GNV. A média de vendas aumentou 18% nos últimos dias e, em alguns postos mais centrais, chegou a ultrapassar 30%.

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