O artista nascido em Goiana Lucas Torres sinaliza seu caminho com o pré-lançamento de 'Signoser'

Natural da Zona da Mata, o artista não abandona suas raízes / Foto: Ernesto Rodrigues/Divulgação
Natural da Zona da Mata, o artista não abandona suas raízes
Foto: Ernesto Rodrigues/Divulgação
Um disco que vem para despertar sensações: assim pode-se definir Signoser (2018), álbum do cantor e compositor Lucas Torres, natural do município de Goiana. Concretizando dez anos de caminhada no universo musical, o CD será pré-lançado nesta quinta (22), no Terra Café Bar (Boa Vista), às 20h. Otimista, o cantor apresentará ao público recifense toda sua subjetividade que envolve uma ancestralidade musical e uma percepção de mundo enérgica e sensível. "Tô ansiosíssimo, tô aprendendo muito como pessoa, e pra mim isso é o que importa", afirmou.
Além do caráter experimental do disco, a poesia é o ingrediente chave para consolidar a essência da sonoridade do artista. Um álbum ao mesmo tempo personalista e antropológico, cujo processo de criação não foi o de construção, mas de 'desconstrução' musical, como afirma Lucas, "quero que as pessoas sintam a confusão dentro delas". O impacto em quem ouve o disco se dá pela combinação das letras que refletem sempre o 'eu-ser' e o arranjo, feito em parceria com o produtor Juliano Holanda, que traz sensações sonoras às reflexões.
A antropologia, que é o próprio contexto cultural do artista, é perceptível na canção Via Principal, cujas guitarradas e bateria marcantes causam o efeito desejado. "Canavial, do Norte ao caos, na terra das águas dá pra sentir a mata", afirma a letra. A faixa descreve a visão do cantor sobre suas origens, "Eu venho da mata, eu venho do santuário dos caboclos, de onde a energia da jurema acontece", afirma em tom calórico. Além das origens, suas influências musicais vão desde o som psicodélico dos anos 60, como Ave Sangria, até os nomes internacionais como Björk. "É muito dessa sonoridade que mistura experimental e também uma coisa meio setentista", explica.
A música surgiu na vida do cantor como um refúgio, uma ferramenta para expressar aquilo que não podia dizer pela falta de voz. "A música sempre foi um refúgio, porque na minha infância eu era o rejeitado do colégio por ser o diferente", lembra. O desabafo de Lucas vem na característica principal que dá ao seu trabalho: "A música, realmente, é de essência", afirmou. Essência que não foge das suas raízes afro-brasileiras: além de cantar, o artista toca alfaia, percussões finas e pandeiro. "Eu gosto muito desse processo ancestral que há em você fazer o batuque, tirar som dos materiais orgânicos", explica o artista.


Além dos batuques e da guitarra, outros sons aparecem no 'Signoser', como o do agbê, ou mesmo os sons da música eletrônica que ganham vida no teclado. Mas, os instrumentos são só mecanismos para a transmissão do principal: a energia. Energia que emana não só da personalidade do cantor, mas da própria música. "Eu costumo dizer que minhas musicas são muito lunares, porque elas trazem em si uma essência mais noturna, misteriosa, líquida", afirmou.
O astral, a energia e a troca prometem estar presentes na apresentação de pré-lançamento do disco, além das outras que virão. 'Troca' porque, além de expressão subjetiva, o 'Signoser' servirá para todos que estão buscando se auto-afirmar no mundo, equilibrando-se nos 4 elementos, ou 5: terra, fogo, ar, água e essência. Lucas explica que o título do álbum é uma referência à poesia de seu tio, poeta e jornalista Zé Torres, chamada "signoterra". "O signoser é você como signo diante de tudo que você vive, você como sua própria bandeira, você como um ser de transformação no mundo", afirma complementando que o CD faz um mergulho naquilo que nos faz humano.
O lançamento oficial do disco acontece no fim de março, mas nesta quinta (22) o público poderá conferir, em primeira mão, as músicas que compõe o trabalho. Ao lado dos parceiros Juliano Holanda, Luiza Fittipaldi e Sam Silva, o cantor fará um show em formato acústico, cujo valor simbólico de entrada é R$ 10.
Serviço:
Terra Café Bar – Rua Monte Castelo, nº 102, Boa Vista.
Entrada – R$ 10

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