A DUPLA AGORA SÃO TRÊS


Gilvan Freire
Só faltava Bira. Ele é um apóstolo novo e sacerdote formado no credo de Ricardo Coutinho, o dono de uma igreja de política que mais parece com bruxaria e terreiro de cultos africanos, porque oprime psicologicamente seus adeptos.
É que nesse credo exótico, também identificado como seita, seus seguidores entram em transe e ficam cegos e burros, ainda que tenham olhos e juízo. Todos rezam ajoelhados em sinal de submissão ao Sumo Sacerdote, que tem a palavra final sobre tudo e detém a chave do paraíso e a mágica da salvação.
Antes que os leitores vejam em alguns desses vocábulos sinais de profanação, explico: credo quer dizer regra, uma espécie de determinação ou norma a ser observada ou seguida. Não quer dizer que não possa ser desobedecida, com todos os riscos, inclusive o da maldição. Seita significa facção, ou ‘comunidade fechada’, segundo os lexicógrafos. Por fim, apóstolo é ‘propagador de qualquer doutrina ou idéia’. Pode ser de Deus ou do Diabo – de Hitler ou Gandhi.
Foi de dentro dessa seita que RC extraiu o Coletivo, um grupo apostolar de surdos-mudos, embora todos tenham boca, língua e ouvidos. Ali tinha assento Luciano Agra, Nonato Bandeira e Bira, um triunvirato sem puder de mando, mas com competências delegadas para organizar rituais e liturgias dos deuses não-divinos.
Pois bem. Terminou que o Sacerdote Supremo passou a punir seus apóstolos porque eles queriam ter direito a promoção. Desejavam ouvir e falar. E ver com os próprios olhos. De que lhes valeriam os olhos e boca, língua e ouvidos?
Em princípio, foram dois os descontentes: o apóstolo Luciano e o apóstolo Nonato. Era uma vez uma dupla bem afinada nas questões templárias de RC. Já eram ambos o equivalente na igreja católica a Cardeais, autoridades vaticanas que nunca descordam do Papa. Lá também todos acham, não obstante, que podem chegar ao trono papal. Mas quase todos morrem de velho e não chegam.
No templo de RC, os insurretos até agora eram dois cardeais. Agora surge Bira. Viraram um trio. Melhor chamá-los de trinca. Depois eu conto o resto.

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