Não tem apetência para o Legislativo !!!!

Nonato Guedes
mpossado no cargo no início de novembro de 2011, depois de uma batalha judicial que pareceu interminável, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) ainda não conseguiu sinalizar que terá uma atuação marcante nos debates do Congresso Nacional. Preocupado, ultimamente, em acompanhar o pai, o poeta Ronaldo, que enfrenta problemas de saúde, Cássio foi prejudicado, é certo, pelo recesso parlamentar. Mas, independente disso, não tem utilizado o Twitter nem os espaços em jornais, rádios e TVs para firmar posição sobre temas polêmicos que vão agitar a pauta legislativa este ano, entre os quais a reforma política, que d eve ir à votação em plenário em março. Também pouco se manifesta sobre problemas da conjuntura na Paraíba, dando a entender que evita qualquer especulação de confronto com o governo Ricardo Coutinho (PSB), a quem apoiou na última campanha. O silêncio do senador destoa do perfil que exibiu como deputado federal constituinte. Eleito pelo PMDB em 86, ele tinha 25 anos quando a Constituição-Cidadã foi promulgada em 1988 e obteve média final 6,5 na avaliação do Diap, Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. Na época, votou a favor do Parlamentarismo, disse “não” ao mandato de cinco anos para o presidente da República, José Sarney e foi definido como nacionalista, favorável à proteção da empresa brasileira e à defesa do subsolo, além de apoiar a reforma agrária e o direito de sindicalização do servidor público.
No discurso de estréia como deputado, chamou a atenção de condestáveis políticos como Ulysses Guimarães e M ário Covas. No primeiro discurso, pronunciado no dia nove de fevereiro de 1987, externou a angústia de “um jovem que vê seu país às portas do século XXI discutindo a organização jurídica do Estado”. Indignado, perguntou: “Por que o nosso país sofre tantos processos de ruptura democrática?”. Denunciou injustiças sociais, desemprego, e propugnou a elaboração de um texto progressista, advertindo: “Não podemos falhar, não podemos errar”. Historiou ter convivido com a repressão e crescido sob o estigma do AI-5. “Testemunhei o mandato de meu pai, outorgado pelo povo nas urnas, ser cassado para atender a mesquinhos interesses”, observou. (Ronaldo foi cassado como prefeito de Campina Grande no final da década de 60. Cássio foi cassado em 2009 pelo TSE, a caminho de concluir o segundo mandato como governador, acusado de conduta vedada e abuso de poder no exercício da função, e se considerou vítima do maior erro judiciário da história brasileir a. Candidatou-se ao Senado em 2010 com uma espada apontada para a cabeça, por ter sido alcançado pelos efeitos da Lei Ficha Limpa. Obteve cerca de um milhão de votos, e, no seu lugar, investiu-se o terceiro colocado, Wilson Santiago (PMDB), que chegou a fazer parte da Mesa Diretora).
No discurso proferido ao ascender, finalmente, à vaga, disse ter aprendido bastante em toda a batalha jurídica. “A dor me ensinou muito. Não tenho apenas uma ficha, tenho uma vida limpa”, desabafou. A posse foi decidida em outubro de 2011 quando o Supremo desproveu agravos regimentais impetrados por Santiago para se manter no posto. O ritual acelerou-se com a retotalização dos votos, que até então não constavam no mapa oficial do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, que foi acionado para diplomar Cunha Lima. Na primeira semana de novembro, a Mesa do Senado resolveu alterar a composição da bancada paraibana. Cássio discursou aproveitando cessão de tempo oferecida pelo senador Cícero Lucena, presidente do diretório regional do PSDB, que estava inscrito para falar. Na ocasião, agradeceu a solidariedade dos paraibanos e prometeu uma atuação propositiva. Instalado no gabinete, destinou emendas para cidades do Estado e fez parte do bloco parlamentar que ameaçou obstruir a aprovação da PEC da DRU (Desvinculação de Receitas da União), que o Planalto desejava prorrogar até 2015. A cúpula nacional do PSDB registrou a fidelidade de Cássio e ele recebeu elogio público do senador mineiro Aécio Neves, tendo retribuído anunciando seu apoio a uma virtual candidatura do neto de Tancredo Neves à presidência da República em 2014.
Ex-prefeito de Campina Grande e ex-superintendente da Sudene, Cássio foi o primeiro político barrado pela Lei Ficha Limpa a tomar posse no Congresso depois de 2010. Dirigentes nacionais tucanos acusaram a defesa de Wilson Santiago, patrocinada por Michel Saliba, de tentar recorrer a expedient es para dificultar a sua ascensão e externaram seu protesto contra a alegada manobra protelatória. Ultimamente, Cássio tem procurado conseguir recursos para o funcionamento de entidades filantrópicas que cuidam de pacientes excepcionais. Os contratempos enfrentados não obscurecem a constatação de que sua atuação parlamentar propriamente dita ainda não correspondeu à expectativa, daí a cobrança que ele começa a vivenciar para que este ano, mesmo envolvido com a campanha eleitoral de prefeito, para que tome posições mais claras e combativas. Para alguns analistas da cena, Cássio passa a impressão de que não tem apetência para o Legislativo, sentindo-se mais à vontade em cargos executivos. Seu primeiro suplente é o empresário José Gonzaga Sobrinho (Deca do Atacadão) e o segundo é seu tio, Ivandro Cunha Lima, que já exerceu o mandato de senador quando da morte de Ruy Carneiro, de quem era suplente, na década de 70. Ronaldo foi eleito senador em 1994 q uando era filiado ao PMDB.

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