Mapa da violência na PB revela 799 mortes no trânsito em um ano

13/04/2011 12:00
Inaê Teles
Com Agência Brasil 
Em dez anos o  número de motociclistas que morreram em acidentes de trânsito aumentou 754% no Brasil. Na Paraíba, só em 2008 foram registradas 799 mortes, sendo 444 envolvendo motociclistas, o  que representa mais de 10 motociclistas mortos para cada 100 mil habitantes. O Mapa da Violência 2011 foi divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Sangari, com dados de 1998 a 2008.
Mais da metade dos municípios paraibanos apresentou mortes por acidente de trânsito. Dos 223 munícipios, 119 tiveram ocorrências, ou seja 53,4%. Sousa, por exemplo, aparece em 6º lugar nacional no ranking de mortes de motociclistas em cidades com mais de 25 mil habitantes.
O pesquisador responsável pelo estudo, Julio Jacobo, atribui o aumento da mortalidade de motociclistas ao crescimento da frota na última década, que foi de 368,8%. “Há 30 anos, as motos representavam uma parcela praticamente insignificante do total de veículos. Era visto como um artigo de luxo e era inacessível à população. A partir da década de 90, houve a popularização das motocicletas.”
Dos 799 óbitos registrados em 2008 na Paraíba, 444 foram de motociclistas, 209 de pedestres, 84 por automóvel, 33 ciclistas, sete por ônibus, quatro por caminhão e 13 classificados como outros.
O índice de mortes na Paraíba é considerado baixo pela pesquisa. No ranking dos estados da região Nordeste, a Paraíba aparece na 6ª posição (799 óbitos). A Bahia está no primeiro lugar, 1.736 mortes.
Segundo Jacobo, a instalação de indústrias de ciclomotores no país e os fortes incentivos fiscais fizeram da motocicleta uma saída para as pessoas que não podiam comprar um automóvel. “Com o incentivo do governo, começou-se a reduzir o custo da motocicleta e da manutenção. Foi uma maneira de substituir um transporte público, muito problemático, e driblar os problemas do trânsito urbano.”
De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito, em 1970, em um total de 2,6 milhões de veículos, só existiam registradas 62.459 motocicletas - 2,4% da quantidade de veículos. Em 1998, a quantidade de motocicletas subiu para 2,8 milhões, o que representa 11,5% da frota total do país. Em 2008, o número saltou para 13,1 milhões, representando 24% do total nacional de veículos.
Se, na década estudada, a frota de motos cresceu 368,8%, isto é, mais de quatro vezes e meia, a de automóveis aumentou 89,7%. De acordo com a pesquisa, a taxa de óbito dos motociclistas oscilou de um mínimo de 67,8 mortes a cada 100 mil motocicletas em 1998 a um máximo de 101,1, em 2002. A média da década é de 92,3 óbitos a cada 100 mil motocicletas registradas.
“O risco de um motociclista morrer no trânsito é 14 vezes maior que o de um ocupante de automóvel. Se essa tendência continuar, em 2015 a morte de motociclistas no trânsito vai superar os índices de todos os outros veículos juntos”, afirmou Jacobo.
Automóveis
A pesquisa também indica que o processo inverso ocorreu com os automóveis. A frota aumentou 88%, e as vítimas de acidentes com automóvel, 57%. Entre 1998 e 2008, o número de vítimas de automóvel oscilou de um mínimo de 32,5 em 2008 a um máximo de 41,5 em 1999, com média decenal de 38 mortes por grupo de cada 100 mil automóveis registrados.
A pesquisa Mapa da Violência 2011, divulgada em fevereiro pelo Ministério da Justiça, apontou o aumento dos índices de homicídio no país. As informações complementares apresentadas nesta quarta (13) são referentes às taxas relativas a acidentes de trânsito.

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