Redução da maioridade penal não vai resolver a questão da segurança pública do país, diz especialista
Por Cintia Moreira
Segundo ele, seria muito mais interessante que o menor infrator fosse tratado de outra forma e relata o que poderia ser feito para diminuir a incidência de atos infracionais praticados por estes adolescentes. "Submete este jovem que cometeu o delito, o homicídio, o latrocínio, a uma junta em que você vai ter lá um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social, um policial, um pedagogo. Se esse grupo, após entrevistá-lo, tiver a convicção de que ele sabia o que estava fazendo, sabia do dano que estava causando para a vida de outros, aí ele responde como adulto."
Já o deputado Edson Moreira da Silva, do PR de Minas Gerais, quer que a PEC seja votada o quanto antes. "É de suma importância que se vote esta redução da maioridade penal o mais rápido possível para que se puna esta criminalidade juvenil, que está crescendo assustadoramente no país por causa da impunidade", acredita o parlamentar.
Na última quarta-feira, o requerimento da senadora Gleisi Hoffmann, pedindo o adiamento, foi aprovado pelo colegiado, e agora, a questão da maioridade penal só poderá voltar à pauta dentro de um mês.
OPINIÃO DOS SENADORES
Gleisi Hoffmann (PT-PR) alegou que a mudança exige uma discussão mais profunda, incluindo a seletividade da justiça.
Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou a proposta e afirmou que a medida não resolve o problema da violência e ainda vai lotar os presídios de jovens que ficarão expostos ao assédio das facções criminosas.
Magno Malta (PR-ES) disse que todos devem pagar pelos crimes que cometem, independentemente da idade. A demora em aprovar a proposta, na avaliação do senador, dificulta o combate à violência.
Ricardo Ferraço (PSDB-ES), destacou que o projeto já está em debate há três anos na CCJ e pediu que o presidente Edison Lobão (PMDB-MA) coloque a PEC novamente em votação assim que possível.
ENTENDA A PROPOSTA
A Proposta de Emenda à Constituição reduz a maioridade penal nos casos em que menores infratores cometem os crimes hediondos, como latrocínio, extorsão, estupro, favorecimento à prostituição e exploração sexual de crianças, adolescentes e vulneráveis e ainda homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e reincidência em roubo qualificado.
Acontece que a concessão da redução da maioridade penal não seria automática, ou seja, vai depender do cumprimento de alguns requisitos: ser proposta exclusivamente pelo Ministério Público e decidida apenas por instância judicial especializada em questões da infância e adolescência.
O atendimento do pedido vai depender da comprovação da capacidade de compreensão do jovem infrator sobre o caráter criminoso de sua conduta. Isto levando em conta o seu histórico familiar, social, cultural e econômico, bem como seus antecedentes infracionais, tudo atestado em laudo técnico e assegurados a ampla defesa e o contraditório. A PEC também estabelece que o cumprimento da pena por eventual condenação vai se dar em uma unidade diferente dos maiores de 18 anos.
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Fotos: Creative Commons
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