Juninas de Goiana: Tradição e dificuldades por amor ao São João


 Foto: Ernesto Rodrigues/Para Secom-PMG
Muito antes de adentrarem o arraial, os grupos de quadrilhas juninas já passaram por um turbilhão de emoções. São meses e meses de preparação para conseguir levar a agremiação às ruas. Dedicação e dificuldade somadas ao amor pelas festas do mês de junho resultam em um dos espetáculos mais bonitos e esperados, não só no Nordeste, mas em todo o Brasil.

Nesta noite de São João, o Reportagem Especial do Goiana Notícias pede licença ao marcador e conta um pouco da vida das quadrilhas e quadrilheiros de Goiana.

Além de ser a Terra do Caboclinho, ninguém duvida que Goiana também é a terra da quadrilha junina. Atualmente existem diversos grupos em atividade na sede e distritos, segundo a Federação de Quadrilhas Juninas de Pernambuco (FEQUAJUPE). Sendo as mais conhecidas, a Quadrilha Tom Maior, Quadrilha Cambalacho, Quadrilha Matutinho, Quadrilha Brasas na Roça, Unidos de Nova Esperança e Filhotes de Matutinhos.

Visando fomentar e fortalecer o movimento dos quadrilheiros no estado, foi fundada, no ano 2000, a FEQUAJUPE. Assim como, a ASQUAJUPE, Associação das Quadrilhas Juninas de Pernambuco, com sucursal em Goiana, que busca a união dos grupos em defesa da valorização e reconhecimento.  O Vice-Presidente regional da FEQUAJUPE, Marlon José, conversou com o GN sobre as alegrias e dissabores de estar à frente de quadrilha junina.

De acordo com Marlon, as dificuldades para se colocar a quadrilha na rua vão da questão financeira à escassez de integrantes. Ele, que faz parte da diretoria da Junina Cambalacho, precisou levantar a quantia de 35 mil reais para a brincadeira acontecer este ano. “O comercio de Goiana não costuma patrocinar. Até ano passado recebemos apoio financeiro da Prefeitura Municipal, mas esse ano isso não aconteceu”, disse ele.


Disputa dentro e fora do arraial

Já não é novidade que os grupos de quadrilhas juninas mantêm uma disputa tradicional entre si. Todas são concorrentes em diversos campeonatos, como o Concurso Pernambucano de Quadrilhas e o Festival Regional. O que chama atenção é a disputa mais acalorada que, por vezes, ocorre entre os próprios integrantes e do lado de fora do arraial.

O professor Rafael Oliveira, 23 anos, que faz parte da Junina Matutinho de Goiana, passou por alguns grupos ao longo dos oito anos em que dança quadrilha. Segundo ele, as rixas entre os componentes é algo que só faz enfraquecer o movimento. “A disputa deveria ficar só dentro do arraial, mas essa hostilidade entre participantes e donos de quadrilha acaba por afastar as pessoas da brincadeira. É pura infantilidade”, disse ele.

Nos últimos anos, a população e os grupos locais puderam acompanhar de perto essa batalha travada pelas quadrilhas. É que continua sendo realizado no Sesc Ler Goiana, o Concurso de Quadrilhas Juninas da Rede Globo Nordeste, um dos mais importantes do país. Grupos de todas as regiões do estado se apresentaram durante o mês para uma plateia vibrante e acalorada.


O convite se torna paixão

Muitas pessoas são levadas por parentes e amigos a fazerem parte de alguma junina. No começo pode parecer apenas momento de distração, socialização e prazer que a dança propicia. Acontece que, ao ser contagiado pelo espírito junino, dificilmente é possível viver sem dançar quadrilha.

É o caso de Tatiane Pereira, de 20 anos, integrante da Tom Maior. Ela, que conversou com o Goiana Notícias, contou que participa de juninas há 6 anos e só ficou de fora ano passo por conta da gravidez. “Comecei minha história em quadrilhas a convite de amigos, daí me apaixonei. Estar no arraial é um momento mágico. Durante aqueles 28 minutos da apresentação me sinto em paz. Eu amo minha cultura nordestina”, disse ela com orgulho. 


A paixão do quadrilheiro pela brincadeira está representada em tudo que se refere à apresentação. São meses a fio, desde os cansativos ensaios que divide tempo com estudo e trabalho, passando pela dificuldade financeira e os problemas pessoais de cada um. Superar cada desafio faz com que o espetáculo seja encantador, tanto para os aclamados vencedores de concurso, quanto para os que são apenas agraciados com o aplauso do público.

O fato é que, enquanto tivermos esses grupos de pessoas que acreditam e amam levar a alegria da cultura popular durante o mês de junho, que pulam os obstáculos como quem pula fogueiras, teremos nossa tradição cada vez mais forte, viva e preservada.
Miranda Seguros

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