Bombardeios não serão suficientes para derrotar EI, avisam forças curdas
Durante três dias, forças curdo-iraquianas, conhecidas como Peshmerga, lutaram contra combatentes do grupo que se auto proclama Estado Islâmico (EI) pelo controle de Rabia, cidade síria próxima à fronteira com o Iraque.
A batalha da semana passada foi intensa, mas teria sido ainda pior sem o auxílio vindo do alto sob a forma dos ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA.
Rabia, cidade estratégica por conta de uma via expressa ligando Alepo, na Síria, a Mosul, no Iraque, é um exemplo de como os avanços do EI podem ser enfrentados.
Mas como as próprias autoridades militares dos EUA já reconheceram, os ataques aéreos não parecem ser suficientes para mudar substancialmente os rumos do conflito, num momento em que outra cidade fronteiriça, Kobane, pode estar prestes a cair nas mãos do EI.
Barricadas
Ao mesmo tempo em que permitiu uma vitória mais rápida e com menos vítimas em Rabia, a estratégia não teve o mesmo resultado em outra frente.
No mesmo dia em que tomaram Rabia do EI, a forças curdo-iraquianas ergueram barricadas para tentar impedir que o grupo extremista trouxesse reforços.
A barricada sofreu nada menos que sete ataques suicidas em apenas um dia, e apesar de as forças curdo-iraquianas terem frustrado a maioria desses ataques, foi impossível impedir que um caminhão-bomba furasse o bloqueio.
A explosão causou mais do que prejuízos materiais: 10 combatentes de elite morreram na explosão, incluindo um herói curdo, o general Shaihk Ombar Babkai, um veterano de diversas batalhas contra o regime do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein.
"Se tivéssemos armamentos mais sofisticados, como mísseis anti-aéreos, poderíamos ter explodido o caminhão-bomba antes que chegasse até nós", conta Nabih Hassan, ferido no atentado que matou o general.
O fato de o EI não hesitar em lançar operações suicidas é um fator que complica ainda mais a missão das forças curdo-iraquianas.
Em Rabia, por exemplo, há relatos de que o EI lançou um ataque frontal contra os Peshmerga utilizando cerca de 100 homens, muitos usando mecanismos de detonação.
"Eles (os militantes do EI) estão prontos para morrer e fica difícil parar um inimigo se ele quer morrer. Infelizmente, eles têm armas à altura do que precisam. Nós não estamos pedindo tropas, mas sim melhores armamentos para que os Peshmerga consigam lutar, especialmente quando o inimigo tem carros blindados. Precisamos que o resto do mundo nos ajude a lutar contra terroristas que vêm de diversas partes do mundo", diz Mansour Barzani, porta-voz das forças curdo-iraquianas.
Os pedidos de armamentos incluem tanques e helicópteros, equipamento que exige treinamento extensivo.
Até agora, receberam apenas algumas metralhadoras pesadas e treinamento em armas anti-tanque.
"Estamos gratos pelos ataques aéreos e esperamos que eles continuem e sejam expandidos. Mas ainda há muito trabalho a se fazer no solo", afirma Barzani.
Comentários
Postar um comentário