Padrasto de Joaquim queria se matar com alta dose de insulina, diz mãe

Marido aplicou 30 unidades do remédio em si mesmo, diz Natália à polícia. Declaração aponta que menino pode ter morrido com remédio, diz promotor.

Um novo depoimento da psicóloga Natália Ponte, mãe do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, traz novos indícios que podem ajudar a polícia a esclarecer a morte do garoto. Consta na declaração dada à polícia que o padrasto, Guilherme Longo, teria tentado se matar no domingo (3), dois dias antes do desaparecimento do garoto, aplicando em si mesmo a insulina que era utilizada no tratamento do enteado, que sofria de diabetes.
Para o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino, a afirmação demonstra que Joaquim pode ter sido morto por superdosagem do medicamento no sangue. Isso porque, Natália conta que o padrasto teria mentido quanto à dose que usou na tentativa de se matar. Primeiro, Longo contou ter aplicado duas unidades da substância em si mesmo. Entretanto, após a mãe entregar à polícia os medicamentos e o aparelho usado na aplicação, que estavam na casa da família, o marido teria contado outra versão, afirmando “ter feito uma autoaplicação de 30 unidades de insulina.”
“São revelações importantes, inclusive, sobre o perfil do Guilherme [Longo]. São muitas evidências, circunstâncias que precisam ser melhor apuradas a partir de agora”, afirmou o promotor. O casal permanece preso desde a noite domingo (10), após o corpo de Joaquim ser encontrado boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP). O casal nega as acusações.
Para Nicolino, Longo é considerado o principal suspeito do crime, porém, não é descartada a participação de Natália no desaparecimento e na morte da criança. "A mãe também é suspeita. Justamente por isso, as investigações tem que ser aprofundadas. Ou ela, de alguma forma, participou, ou ela é tão vítima quanto o Joaquim."
Ciúmes
Segundo Nicolino, a mãe também conta, em depoimento, que o marido era extremamente ciumento e que o casal discutia frequentemente, principalmente por causa do ciúme que Longo sentia do enteado. "Sempre que havia uma discussão, o menino era o motivo daquela discussão porque ele trazia um pedacinho do ex-marido dela”, afirmou o promotor.
Natália relatou que pretendia se separar do rapaz por causa das brigas e porque ele havia voltado a consumir drogas. Segundo a mulher, o relacionamento se tornou “insuportável”, mas Longo chegou a ameaçá-la afirmando: “se você for embora eu te acho até no interno", conforme consta na declaração à polícia.
Nesse mesmo depoimento, Natália afirma ainda que sofria ameaças de morte por querer terminar o casamento e que, em outra discussão, o marido ameaçou jogar o filho do casal, de quatro meses, contra a parede, porque o bebê não parava de chorar.
Investigação
O corpo de Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, foi encontrado pelo dono de um rancho, boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP), no início da tarde de domingo (10). O garoto havia sumido de dentro da casa da família, no bairro Jardim Independência, em Ribeirão Preto (SP), na madrugada de terça-feira (5).
O promotor Marcus Túlio Nicolino afirmou que os exames iniciais feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) revelaram que o pulmão de Joaquim não apresentava água, o que descarta a possibilidade de morte por afogamento e evidencia a suspeita de homicídio. O promotor relembrou que, na última quarta-feira (6), cães farejadores da Polícia Militar haviam indicado que o menino e o padrasto fizeram o mesmo percurso da casa da família até um córrego na região.
A mãe e o padrasto são apontados como principais suspeitos pela morte. Eles permanecem presostemporariamente e devem prestar novos depoimentos, segundo o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, chefe da investigação.
Nesta segunda-feira (11), o advogado de defesa da mãe deixou o caso alegando que é primo da suspeita e tinha "relação estreita com a criança." Já o advogado do padrasto, Antônio Carlos de Oliveira, não se manifestou sobre a detenção do cliente, afirmando apenas que ainda não teve acesso ao inquérito policial, mas estuda pedir a revogação da prisão.
O corpo de Joaquim foi enterrado na tarde de segunda, em São Joaquim da Barra (SP), sob aplausos e gritos de "justiça". Além do pai de Joaquim, o produtor de eventos Arthur Paes, familiares da mãe do garoto também acompanharam o velório e o enterro. A psicóloga e o padrasto do menino não foram autorizados a participar do sepultamento.
G1

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