COMISSÃO ORGANIZADORA E EXECUTIVA DAS COMEMORAÇÕES DO SESQUICENTENÁRIO DO IHAGGO


     Para deixar testemunho duradouro do que foram as comemorações do SESQUICENTENÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E GEOGRÁFICO DE GOIANA e efetivar a sua presença na História Municipal, a COMISSÃO ORGANIZADORA E EXECUTIVA DAS COMEMORAÇÕES DO SESQUICENTENÁRIO, criada pela RESOLUÇÃO Nº 01/2020 de 05/03/2020, do presidente da Instituição o Dr.  Harlan de Albuquerque Gadelha Filho, de acordo com o ART. 1º, está criando o PLANEJAMENTO MEMORIAL DO IHAGGO  com o propósito de elaborar uma programação e promover a sua realização, por meio de diversas  atividades alusivas ao aniversário, que deixem um produto material e imaterial para as novas gerações e que fiquem a salvo dos caprichos da memória.
Venho, como Coordenadora, em  nome de toda a COMISSÃO  CONVIDÁ-LOS para participarem desta caminhada e nos ajudarem  a levar para as novas gerações, a importância  do IHAGGO, a grandiosidade e dimensão do seu valor e, também nos ajudarem a divulgar a sua luta pela preservação do nosso patrimônio histórico material e imaterial,  visando guardar a memória dos nossos antepassados !

SGV- Solange GUIMARÃES  Valadares de Sousa.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO IHAGGO !


Instituto IMPERIAL !

O 4º do Brasil !

O 2º de Pernambuco !

O 1º entre os 5.570 municípios do nosso país .

Era 08 de setembro de 1870 quando o INSTITUTO HISTÓRICO DE GOIANA, naquela época assim nomeado,  foi fundado.
Seu idealizador ?
Um português chamado 
Francisco Manoel Raposo d’Almeida. Corajoso, intelectual, empreendedor na área de Comunicação, idealista e amante da História.
À ele nossa eterna gratidão !
Estávamos no Império, quatorze anos após a pandemia da cólera morbos.
Dezoito anos antes da Abolição da Escravatura !
Dezenove anos antes da Proclamação da República.
Goiana era uma cidade próspera ! Agitada  e recheada de preconceitos de nacionalidade .
Diz Otávio Pinto em seu livro Velhas Histórias de Goiana que “ Assim, em todas as Províncias , por todo o Brasil, reinava essa adversidade entre brasileiros e portugueses , que vez por outra se digladiavam como rancorosos inimigos.”
O escritor Paulo Cavalcanti nos fala sobre Goiana daquele tempo !
Goiana era o maior centro comercial da Província, depois do Recife rivalizando com ela no sortimento de muitos artigos.
Rebelde contra os portugueses pois os goianenses não queriam que ali eles comercializassem.
Esteio de Pernambuco com sua lavoura de cana, era tempo que os senhores de engenho entravam na cidade com seus pagens , em seus cavalos exibindo os seus privilégios.
Os trabalhadores pretos nesse tempo construíam as riquezas inteiras de gerações de proprietários de terras. O ditado “amarelo de Goiana” vem deste tempo que o paludismo, febre amarela e anemia eram doenças provocadas pelo transbordamento dos Rios Tracunhaen e Capibaribe Mirim. O seu porto, no Rio Japomim, abria espaço para ter contato com todo o Nordeste.
Goiana era um entreposto comercial. No comércio a retalho o monopólio era lusitano e por esta razão atraia os imigrantes portugueses. Era conhecida como Porto de mar e empório da população de toda aquela fertilíssima zona.
 As festas durante o ano eram repartidas entre os senhores de engenho que queriam sempre suplantar  os gastos dos outros.
Paulo Cavalcanti diz em seu livro que
“ Dispondo de imprensa, a primeira que se instalou no interior de Pernambuco, além de agremiações culturais, como o Instituto Histórico e o Gabinete Português de Leitura, de associações musicais, como a Saboeira e a Curica - de largo prestígio entre o povo - de sociedades de beneficência, como a Santa Casa de Misericórdia, de suntuosas igrejas, além de partidos políticos organizados, Goiana dava, assim, realmente, a idéia daquele "vasto laboratório, em que fermentam as paixões populares sem intermitência, ainda que fria serenidade pareça algumas vêzes indicar enfraquecimento ou sono da grande alma pernambucana que tem aí a sua sede" .
Gilberto Freire já dizia que não se poderia falar em Pernambuco sem citar Goiana.
E continua Paulo Cavalcanti descrevendo nossa terra dizendo 
“Na Rua do Meio, entre 1868 e 1873, funcionou a tipografia do Dr. Francisco Manuel Rapôso de Almeida, portuguêses, de cujas oficinas saíram os jornais "O Ori-
ente", "O Liberal Goianense", "O Mercantil", "A Gazeta de Goiana" e "A Grinalda", além dos primeiros números da revista do Instituto Histórico.”
E acrescenta
“ Segundo depoimento oral de contemporâneos, as coleções de livros de particulares e as que se alinhavam nas estantes do Gabinete Português de Leitura de Goiana, fundado a 7 de setembro de 1870, ou nas do Gabinete de Leitura Desembargador Francisco Luís, instalado, com outro nome, a 24 de dezembro de 1876, incluíam obras de autores portuguêses, além de jornais, revistas e primeiras edições das Farpas.”
Foi,  portanto,  dentro deste contexto de apogeu e estremecimento e vivendo uma efervescência política,  econômica , intelectual e social que foi fundado nosso INSTITUTO HISTÓRICO.

Toda esta contextualização eu trouxe para apresentar,  com muito orgulho de toda a COMISSÃO, a nossa LOGOMARCA do SESQUICENTENÁRIO .
Fui buscar no nascedouro o clima do nascimento do nosso Instituto.
Agora, em tempos de pós -modernidade, #IHAGGO 150, no meio de uma pandemia, goianenses que amam a sua história aqui se reúnem para comemorar sua existência,  mesmo com percalços de ostracismo, com caminhada intermitente, atravessando as gerações, mas com a força dos seus fundadores que nos deixaram  este recado,

            “Não são as associações literárias luz para metter-se debaixo do alqueire, como a luz de que fala o evangelho, mas candieiros da claridade irradiante, que convem por no mais alto dos postes, para alumiar o que vem das regiões conhecidas do passado, a que mysteriosamente caminham para os planos incommensuráveis do futuro.
              O Instituto Histórico de Goianna aspira, nas devidas proporções a ser luz levantada ao alto do poste; e se não servir para alumiar grande extensão da estrada, que percorre a humanidade, sirva ao menos para esclarecer as minas soterradas da história da antiga capitania de Itamaracá.
                Foi n’este pensamento que foi engendrado o Instituto Histórico de Goianna, é n’estas condições que tem vivido há já alguns mezes, é n’estas aspirações que caminha para o futuro.”

Solange G. Valadares
Associada e Coordenadora da Comissão Organizadora e Executiva do Sesquicentenário.

Fontes:
- PINTO, Otávio - Velhas Histórias de Goiana, Casa Editora Vecchi LTDA, RJ- 1968.
- Revista do Instituto Histórico de Goianna, Tommo I, Primeira Serie, Typographia Commercial, 1870, p. 13.
- CAVALCANTI, Paulo - Agitador no Brasil, Ano 1959, CIA ED. NACIONAL - SP.

Comentários