#Economia O dólar irá chegar a quanto após as eleições?

#Economia O dólar irá chegar a quanto após as eleições?
Por Fábio Almeida*
A questão do câmbio é algo essencial na economia brasileira. Não apenas como debate restrito ao universo dos economistas, especificamente, na discussão sobre o suposto câmbio ideal; mas também na vida das pessoas, pois o aumento do dólar impacta na inflação, no preço do pãozinho francês, nos eletrodomésticos, remédios, entre outros. Influencia também a percepção dos investidores e empreendedores e, consequentemente, nos investimentos e na abertura de novos postos de trabalho.
A taxa de câmbio é uma conta de ajuste, pois se trata de um preço que equilibra os demais preços essenciais na economia. Diz respeito ao poder real de compra da moeda. Devido ao endividamento do governo e as incertezas do quadro eleitoral, o temor de uma desvalorização cambial como a ocorrida em 2015, quando, após a reeleição de Dilma, o dólar saltou de R$ 2,20 para R$ 4,24, é bastante real.
Figura 1 – Evolução do câmbio.
Conforme pode ser verificado na figura 1, a taxa de câmbio vem aumentando de maneira consistente desde 2014, com uma nítida evolução no ano de 2018. Explicada em parte, pela valorização do dólar frente a todas as moedas e, também devido aos nossos problemas estruturais e macroeconômicos, bem como por causa da incerteza do quadro eleitoral. Todavia, cabe destacar, que o preço do dólar arrefeceu após o anúncio do apoio do chamado Centrão ao candidato Geraldo Alckmin, tendência que se manteve de queda até o fechamento de hoje (25/07), em R$ 3,72.
Durante o pleito a depender do caminho apontando pelas pesquisas, e o cenário de segundo turno, o dólar poderá passar dos R$ 5,00. Isso é ratificado por alguns analistas internacionais que asseguram que o Brasil pode vivenciar uma crise cambial como Turquia e Argentina estão enfrentando.
Em todos os anos eleitorais é comum haver turbulências no câmbio. Todavia, a situação catastrófica das contas públicas poderá levar o dólar às nuvens, inviabilizando totalmente o próximo governo, tendo em vista a explosão dos preços e, consequentemente, da inflação, retração ainda maior no nível de investimentos, e quadro de insolvência generalizada no setor público. Um candidato antirreformas ou sem condições para governar, será o combustível para uma severa crise cambial.
Nesse sentido, cabe destacar que a taxa de câmbio reflete diretamente o poder de compra da população, pois se trata de uma combinação relativa entre moedas (Dólar x Real), então a divisa de um poder de compra pelo outro permite uma estimativa razoável sobre o nível do câmbio. Assim, se o preço do dólar no atual cenário cair para menos de R$ 3,50, o Real estará sobrevalorizado, e isto ajudará a combater a inflação de preços. Caso fique acima dos R$ 4,30 a inflação será elevada, o que exigirá aumento dos juros, fortes intervenções do Banco Central e outras medidas duras para evitar que o dólar chegue à faixa dos R$ 5,30.
É bem verdade que o preço do dólar hoje está longe dos R$ 5,30. Todavia, a incerteza eleitoral, ou a eleição de um candidato populista, sem a confiança dos investidores e do mercado financeiro, sem as condições necessárias para governabilidade e aprovação de reformas, o dólar poderá passar dos R$ 5,30. Caso chegue a este valor, especuladores poderão ganhar muito dinheiro vendendo dólar a mercado, ou fazendo arbitragem e depósitos interfinanceiros futuros (conhecido como DI), enquanto a população de uma maneira geral irá empobrecer, pois o poder de compra da moeda ficará totalmente comprometido, e o governo neste cenário, não terá muito que fazer no médio prazo por causa de sua grave situação fiscal.
A desvalorização cambial (perda do valor do Real frente ao Dólar) resulta em destruição da renda da população, principalmente dos mais pobres, que não tem como fazer operações financeiras com dólar para se defender. Além disto, eleva o custo de vida, os custos de produção das empresas e indústrias, enfraquecendo toda cadeia produtiva, o que resultaria em mais desemprego e, menos recursos para governo, já que a arrecadação reduziria de forma significativa, comprometendo o pagamento de aposentados e pensionistas, de funcionários públicos, de fornecedores, bem como os repasses aos entes federativos que, por sua vez, deixariam de prestar serviços essenciais à população.
O valor da moeda, ou seja, o poder de compra da população precisa ser algo inegociável, pois é deste que resulta a melhoria de vida. O caminho escolhido pela sociedade que será revelado pelas urnas levará a um determinado nível de câmbio, que poderá destruir o poder de compra, resultando, em uma grave crise cambial e econômica.
*Economista.

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