Empresa contratada pela Jeep da calote em fornecedores de Goiana

Comerciantes e proprietários de pequenos estabelecimentos em Pernambuco denunciam que uma empresa paulista que participou da construção da fábrica da Jeep, em Goiana, na Zona da Mata Norte, deixou de efetuar o pagamento de serviços realizados durante a obra. Ao todo, 30 fornecedores de Goiana, de Igarassu e do Recife que prestaram serviço à Sumont Montagens alegam prejuízos que, somados, alcançam R$ 6 milhões de reais. 


Postos de combustíveis, lavanderias e restaurantes, entre outros estabelecimentos das três cidades, foram contratados pela Sumont Montagens para a realização de serviços de transporte, alimentação, alojamento e lavagem dos uniformes de funcionários da obra da fábrica da Jeep em Pernambuco.  Empresários e comerciantes informaram que a empresa com sede em São Bernardo do Campo, em São Paulo, começou a não pagar pelos serviços no início de 2015.

“Durante um determinado período, ocorreu tudo muito bem, todo mundo recebendo em dia e as notas fiscais sendo honradas, mas, a partir de determinado momento, isso começou a desandar e hoje meu prejuízo é em torno de R$ 14 mil”, conta Sandra Mendes, dona de uma lavanderia.


Alguns fornecedores fecharam as portas por causa da falta do pagamento. No restaurante da família do comerciante Fábio de Souza, foram demitidos mais de 20 funcionários. “Complicou muito a situação da gente e, como o restaurante é da família, envolveu todos os seis irmãos e todo mundo ficou devendo no mercado”, diz.

Os comerciantes também se queixam de que gastaram dinheiro para se adequar às exigências da empresa e que não tiveram o retorno que estaria garantido caso recebessem o pagamento pelo serviço prestado. “Todo dia aparece um [fornecedor] que teve algum prejuízo pequeno ou grande”, diz o empresário Ocelino Mendes.


Respostas

O advogado da Sumont Montagens, Raphael Garofalo, explicou o motivo da falta de pagamento aos fornecedores. “Nosso contrato [com a Jeep] foi rescindido em meados de 2015. Em razão dessa rescisão, não tivemos fôlego financeiro para adimplir todas as obrigações que já havíamos assumido anteriormente. Estamos atualizando os valores de cada um, levantando essas informações e criando um plano de pagamento e, assim que nós tivermos esse plano submetido à Assembleia Geral de Credores, iniciaremos o pagamento de todos aqueles que não receberam”, ressaltou. 

O plano de pagamento da Sumont Montagens está sendo avaliado pela Justiça de São Paulo, e, segundo o advogado da empresa, a proposta tem que ser aprovada pelos comerciantes. Se eles aceitarem, o pagamento das dívidas podem começar entre 6 meses e 1 ano.

A assessoria de imprensa da Jeep informou que a montadora tem cobrado providências da Sumont Montagens para que as pendências com os fornecedores sejam resolvidas e, como o contrato com a empresa é confidencial, não pode revelar detalhes sobre os motivos da rescisão.

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