O ESPANTADOR DE INDÚSTRIAS


Rubens Nóbrega
Contei outro dia aqui que o governador Ricardo Coutinho teria espantado um investimento de bilhões de reais em solo paraibano que seria a instalação de uma montadora de carros Hyundai pelo Grupo Caoa, do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, que é nosso conterrâneo.
Diante das condições apresentadas ao Governo do Estado para vir pra cá, que incluiriam, além dos incentivos fiscais, disponibilidade de formidável área em Cabedelo e privilégios operacionais no porto, o governador teria perguntado com indisfarçada ironia o que Caoa fabricava mesmo para estar pedindo tanto.
- Carrinho de mão, Excelência, carrinho de mão – teria respondido o empresário, encerrando a conversa e a possibilidade de a Paraíba algum dia, no atual governo, comemorar no campo industrial algo além de migalhas ou pequenas sobras de grandes investimentos em Pernambuco.
Como resultado daquela malograda audiência, o nosso já tão privilegiado vizinho ficou com tudo em cima para ficar também com a fábrica Hyundai que o nosso arrogante monarca praticamente botou pra correr, segundo o relato de qualificada e mais do que acreditada fonte da coluna, relato esse até hoje não desmentido.
Pois bem, nessa linha de produção de fatos desastrados e desindustrializantes, não admira que seja pura verdade a revelação de mais um caso ilustrativo da incompetência governamental em atrair novas indústrias para o nosso Estado. Pior é saber que do jeito que vai esse governo sequer consegue segurar as indústrias trazidas por seus antecessores, fábricas essas que ainda estão por se instalar na Paraíba.
O novo caso me foi entregue pela generosidade do Professor Menezes e de sua confiança no colunista. Logo ele, que no seu incorrigível otimismo mantinha renovadas esperanças no sucesso da nova gestão na Cinep – Companhia de Industrialização do Estado da Paraíba, mesmo sob o Ricardus I!
Mas o homem está decepcionado, além de preocupado com o futuro da Paraíba sob uma gestão que, constata com sentida amargura, tem se mostrado até aqui tão despreparada quanto ruinosa. Vamos ao que ele escreveu, reproduzido na íntegra no tópico a seguir.
Diga aí, Professor
Caro amigo, não sei o termo que assinalei como assunto deste está perfeitamente condizente com a informação, mas, no meu entender se aplica à política industrializante (?) posta em vigência pelos ínclitos gestores da coisa pública tabajara. Veja só.
No final de semana retrasado, de muita animação carnavalesca, tive oportunidade de conversar mais amiúde com velho amigo, que passava toda a semana em Recife, onde gerencia o escritório de distribuição dos produtos médico-hospitalares fabricados por indústria que tem como sócio e principal executivo um seu irmão.
Como todo industrial em busca de ascensão, esse executivo, em comum com um sócio americano (que licencia alguma tecnologia usada, fornece matéria prima e participa do capital acionário da empresa) resolveu montar uma segunda unidade industrial no Nordeste, escolhendo, por força de seu atavismo provinciano, instalar essa unidade na Paraíba. Começou ai uma via crucis que é de se duvidar.
Primeiro, foram muitas as idas e vindas para encontrar um terreno no Distrito Industrial de João Pessoa, pois a Cinep não sabia suas disponibilidades.
Vencida essa etapa, que levou mais de um ano, veio a segunda, que foi aprovar o projeto no Fain (Fundo de Apoio à Industrialização), o que não demorou muito, ‘apenas’ um pouco mais de seis meses.
Superados esses dois obstáculos, chega-se ao mais importante que é a isenção fiscal, principalmente em função do enquadramento dos insumos importados, procedimento este que há mais de dois anos tramita pelos desvãos do governo e na atual gestão, particularmente, empacou de vez.
Isso tudo levou o sócio americano a desistir, desautorizando qualquer entendimento para instalar a indústria em solo paraibano, expansão esta que será compensada ou por sua instalação em Pernambuco, que promete resolver todos os problemas em menos de seis meses, ou por uma ampliação da planta original, sediada no Rio de Janeiro, mantendo-se em Recife o escritório de vendas e atendimento aos clientes de todo o Norte e Nordeste.
Está vendo por que a Fiat foi pra Goiana?
Governo não responde
Compreendendo a seriedade e gravidade do fato exposto pelo Professor Menezes, recorri ontem pela manhã ao tuiter pra ver se o governador, se seu secretário de Comunicação ou se algum dirigente da Cinep fornecia alguma explicação, alguma justificativa para mais essa perda.
Pelo tuiter avisei e pedi a Sua Majestade que prestasse atenção na mensagem que estava enviando naquele momento para o i-meio dele, do jornalista Nonato Bandeira e de pelo menos três diretores da Cinep, além do Chefe de Gabinete e da Ouvidoria da Companhia. Só não mandei diretamente para a presidente Margareth porque não há contato disponível dela no saite oficial. Estranho.
De qualquer forma, mesmo sabendo da determinação governamental de nada informar ou explicar a este colunista, o espaço está aberto e à disposição para quaisquer esclarecimentos do governador, do Governo ou da Cinep.

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